Pesquisadores de universidades mundialmente renomadas assinaram uma carta contestando a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro por conta da ameaça do Zika Vírus. Ainda há incertezas sobre a possível propagação da doença, mas sobre dengue já há estimativas matemáticas disponíveis.
Usando modelagem matemática, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), analisaram o risco de infecção por dengue nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Eles apontam para um número muito baixo de casos, entre os cerca de 400 mil visitantes internacionais esperados. Os cálculos da equipe de epidemiologistas apontam 23 casos sintomáticos, quando há febre e outros sintomas, que podem inclusive levar à internação hospitalar. Quanto aos casos assintomáticos, são esperadas 206 notificações. Essa é uma estimativa para o pior dos cenários, tendo como base os dados de casos de dengue em 2007. Naquele ano, o mosquito espalhou o vírus até mesmo no inverno, quando as temperaturas foram mais altas que o esperado. Em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, pesquisadores do mesmo grupo da USP também fizeram um estudo sobre a previsão de casos de dengue entre turistas e as estimativas se confirmaram. Foram quatro casos registrados, sendo que a previsão dos cientistas era entre 3 e 59 notificações.
Já as estimativas para os casos de zika, a maior preocupação este ano, ainda estão sendo estudadas. O que temos até o momento são incertezas. A Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) nos Estados Unidos reafirmam que não é necessário adiar ou transferir os jogos olímpicos, mesmo diante da carta aberta feita por um grupo de 150 cientistas e especialistas em saúde de universidades como Harvard, Columbia e Zurique. Esse grupo argumenta que as consequências do zika são muito graves, segundo estudos mais recentes têm apontado, e o evento pode acelerar a propagação do vírus mundialmente. Segundo o CDC, o risco de propagação do zika se mantém alto, pelo trânsito de pessoas nas regiões afetadas, mesmo sem considerar as Olimpíadas.
Com informações do El País e da Agência Fapesp
Matéria de Patrícia Santos e locução de Samuel Garbuio.