A decisão pelo fim do vírus zika como Emergência de Saúde Pública foi tomada no dia 18 de novembro em reunião do Comitê de Emergência da OMS. A emergência havia sido estabelecida em fevereiro devido ao aumento de incidência de microcefalia e de Síndrome de Guillain-Barré associada ao vírus zika.
Desde então, esforços de vários grupos de pesquisa estabeleceram que a associação era de causa e efeito, que o vírus continuava presente no organismo vários meses depois do fim dos sintomas, sendo possível a transmissão por via sexual, além de por meio de mosquitos do gênero Aedes, e vários outros detalhes do funcionamento do vírus e seu espalhamento.
Mas o fim da emergência dá-se não pelo fim do problema. Muito pelo contrário, é pelo reconhecimento de que a doença e suas consequências deverão permanecer por tempo indeterminado. Dessa forma, o Comitê de Emergência da OMS entende que os esforços internacionais coordenados de pesquisa e medidas de controle não deverão mais ser concentrados, mas, sim, continuados.
Apesar dos avanços, há muita coisa ainda a se descobrir sobre o vírus zika. Quais são os fatores para que o número de microcefalias causadas pelo zika seja tão mais alto no Nordeste brasileiro, enquanto em outras áreas a ocorrência permanece mais baixa, mesmo com a ocorrência do vírus? Só se pega zika uma vez? O que leva à manifestação da Guillain-Barré? É possível a transmissão pelo pernilongo Culex? Animais silvestres do Brasil e de outros países podem servir de reservatório do vírus? Entre outras perguntas mais.
Com a chegada do verão e das chuvas, a população do Aedes aegypti, o único vetor da doença conhecido no Brasil, deve aumentar, o que deve também elevar ainda mais o número de casos não apenas de zika, mas de outras doenças transmitidas pelo mosquito como dengue e chikungunya. No entanto, desde outubro o Ministério da Saúde não tem mais publicado os boletins epidemiológicos dessas doenças.
Os últimos dados disponíveis são da segunda semana de setembro, quando, no ano haviam sido acumulados mais de um milhão e 400 mil casos de dengue, mais de duzentos e trinta mil casos de chikungunya e mais de 200 mil de zika.
Links relacionados
Boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde
Declaração da OMS sobre o fim do vírus zika como Emergência de Saúde Pública
Produção de Roberto Takata e locução de Carolina Neves.