As mulheres têm um papel central nas comunidades online de recrutamento para o Estado Islâmico. Esta é uma das conclusões do estudo do físico Neil Johnson.
O pesquisador da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, é interessado em padrões que emergem em sistemas complexos. Redes sociais são um desses sistemas complexos em que os cientistas estão interessados. Johnson acompanhou por pouco mais de um ano 196 comunidades online pró-Estado Islâmico.
Entre os padrões observados está a proeminência das mulheres nesses grupos. Ao contrário de outras redes como as acadêmicas e de inovação, alí as mulheres não apenas compunham uma parte substancial dos membros, cerca de 40% por cento, como eram centrais no fluxo de informação. Grupos com mulheres tinham um tempo de duração maior do que grupos sem ou com poucas mulheres.
Outro padrão é que essas comunidades modificam-se rapidamente. Os grupos trocam de nome, alteram o status de privacidade, somem e reaparecem com outra identidade, mas com os mesmos membros.
Johnson credita essa dinâmica de constantes mudanças como tentativa de escapar aos esforços das agências de combate ao terrorismo.
Embora reticente em dizer que o monitoramento consiga identificar planos específicos de atentados, o pesquisador observou que antes de episódios de ataques no mundo físico, costuma haver um aumento dessas comunidades. Mas as agências de inteligência, na percepção do cientista, não parecem ainda confiar muito nesse tipo de análise matemática e computacional.
Com a confirmação de ameaças de pessoas ligadas ao Estado Islâmico e a proximidade da realização dos Jogos Olímpicos no Brasil, será que essa abordagem poderia ajudar a prevenir a concretização de atentados por aqui?
Matéria de Roberto Takata e locução de Bárbara Garcia.