O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) – está lançando duas novas variedades de cana de açúcar, no mês em que comemora 130 anos de existência, tempo suficiente para ter se tornado uma referência no desenvolvimento de importantes cultivares para a produção de alimentos, e também para o setor sucroenergético.
O instituto, que é a mais antiga instituição de pesquisa agronômica do Brasil vem desenvolvendo em seu Centro de Cana, localizado em Ribeirão Preto, pesquisas que buscam o desenvolvimento de variedades que permitam adaptação a diversos ambientes, com maior resistência ao clima e às pragas.
As duas plantas que estão sendo lançadas são a IACSP-01-5503 e a IACSP-01-3127. Ambas apresentam alto desempenho e longo período de utilização industrial, com cerca de 15% de ganhos em relação à variedade mais cultivada no Centro-Sul do Brasil, que é a RB-867515, desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa.
A primeira variedade, a 5503, tem como característica principal a rusticidade, que garante uma competitividade maior em ambientes restritivos, como solos com pequena capacidade de armazenamento de água e baixa fertilidade natural. A importância desse desenvolvimento é que essa é a condição das principais regiões produtoras de cana, incluindo São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso.
Suas características permitem que a 5503 se mantenha produtiva de maio até novembro, representando um grande benefício para o setor sucroenergético, inclusive por permitir que o produtor flexibilize a época da colheita.
Já a 3127 é uma cana que apresenta alta performance em situações de manejo avançado, cujo ambiente inclui o uso de vinhaça e de outros resíduos orgânicos para melhorar o solo. Também viabiliza longo período de utilização industrial, podendo ser colhida de maio até outubro. A 3127 responde bem em ambientes mais favoráveis e em regiões onde a distribuição de chuvas é melhor.
As duas variedades foram avaliadas nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Tocantins.
O melhoramento genético convencional da cana-de-açúcar, como o conduzido no Programa Cana IAC, é responsável por um ganho de rendimento em açúcar que varia de 1 a 1,5% ao ano. E apesar dos atributos das novas variedades, a recomendação do Instituto é que os produtores mantenham apenas 15% do total da área plantada com cada variedade de planta. Esta é uma estratégia para promover a segurança biológica do canavial. E é uma das razões para que as instituições mantenham um ritmo constante de pesquisas na área para disponibilizar, periodicamente, novas variedades.
Matéria de Simone Pallone.