Nós vamos trazer para você notícias sobre duas criações genéticas artificiais. A primeira é que pesquisadores conseguiram desenvolver uma molécula de RNA capaz de replicar outras moléculas de RNA. O RNA é similar a uma molécula de DNA, mas de fita simples, isto é, em geral não está ligado a outra molécula com sequência complementar. Normalmente o DNA armazena as informações genéticas e o RNA é o intermediário que leva essa informação do DNA para a produção de proteínas codificadas nos genes. Ou seja, o RNA também é capaz de armazenar informações. Um vírus como o HIV têm seu material genético na forma de RNA, por exemplo.
As moléculas de RNA também são responsáveis por transportar aminoácidos, os elementos que constituem as proteínas. E também são capazes de facilitar a ocorrência de reações químicas, como as proteínas. Por isso, cientistas elaboraram a hipótese do Mundo de RNA, em algum momento no passado, o RNA poderia ser, ao mesmo tempo o material de informações genéticas e as moléculas que fazem as reações químicas essenciais à vida acontecerem. O desenvolvimento de uma molécula de RNA capaz de produzir cópias de outras moléculas de RNA é um avanço que sustenta essa hipótese. Infelizmente, os pesquisadores ainda não encontraram uma molécula de RNA capaz de fazer cópia de si mesma. O estudo foi publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences.
Outra realização científica recente foi publicada na revista Science. Trata-se da criação de um genoma artificial bacteriano que usa um esquema diferente de relação entre a sequência do DNA e a constituição da proteína. O DNA é constituído por nucleotídeos. Os nucleotídeos são de quatro tipos que diferem entre si por porções denominadas bases nitrogenadas: adenina, guanina, citosina e timina. Todos os organismos conhecidos usam uma relação fixa de trincas de bases nitrogenadas no DNA e o aminoácido incorporado na cadeia da proteína.
Essa relação é chamada de código genético universal. Podem ocorrer variações desse código entre espécies, mas elas são pequenas. Essa relação é dada pelos RNAs que transportam os aminoácidos. Alterando esses RNAs, os cientistas conseguiram modificar o código genético da bactéria. Essa tecnologia pode permitir o desenvolvimento de bactérias especiais de uso industrial – por exemplo, realizando a síntese de compostos medicamentosos. Pode também ajudar a elucidar a evolução do código genético.
Confira abaixo os links relacionados a essas notícias:
http://www.sciencemag.org/news/2016/08/biologists-are-close-reinventing-genetic-code-life
Matéria de Roberto Takata e locução de Ana Paula Zaguetto