Pesquisadores do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar e da USP juntaram esforços para criar uma prótese endovascular, os stents, que podem ser reabsorvidos pelo organismo.
Essas próteses são usadas para alargar vasos sanguíneos que, por algum motivo, tiveram seu diâmetro interno diminuído: por exemplo, pela deposição de placas de gorduras na arterosclerose. Por ano são colocado mais de 200 mil stents só no Brasil.
A maioria é feita de metal ou outro material que acaba provocando uma reação de inflamação depois de um tempo; a fim de evitar isso, vários grupos pesquisam stents que possam ser reabsorvidos pelo organismo com o tempo, enquanto a estrutura do vaso é recuperada. Para tanto lançam mão dos chamados biomateriais.
Mas o que isso de biomaterial? Um biomaterial é uma substância manipulada para produzir componentes que interajam com o organismo de modo a controlar o processo diagnóstico ou de tratamento.
Esse grupo de São Carlos conseguiu obter uma prótese com essa propriedade combinando dois tipos de polímeros biomateriais: o poliácido lático e a policaprolactona. Enquanto o poliácido lático é frágil, absorvendo pouca energia antes de se romper, a policaprolactona é bastante resistente, sendo capaz de sofrer grandes deformações. Juntando os dois componentes, é possível se obter um material com resistência e elasticidade similar ao dos vasos sanguíneos. Mas não basta apenas colocar os dois juntos. Ambos os compostos são naturalmente imiscíveis, isto é, não se misturam – mais ou menos como água e óleo.
Foi preciso muita pesquisa para se conseguir combiná-los. Para isso foi empregado um terceiro componente, o compatibilizante, que permite que se misturem, mal comparando, como o detergente permite a mistura de água e óleo. Variando-se a proporção dos componentes e o tipo de compatibilizante, o grupo produziu também material para diversos outros usos médicos e não médicos, como embalagens descartáveis.
Matéria de Erick Nardini e Roberto Takata e locução de Paula Penedo.