Você já reparou que os drones têm ganhado os céus das cidades pelo mundo? Também chamados de veículos aéreos não tripulados, essas tecnologias têm diversas finalidades. Mas elas têm sido amplamente utilizadas para fins militares.
É possível ter um drone, carregado com míssil, sobrevoando o Afeganistão, por exemplo, enquanto seu centro de comando está localizado em Nevada, nos Estados Unidos. A milhares de quilômetros, o piloto pode disparar e matar seus oponentes. Tudo registrado e transmitido pelas câmeras de alta precisão com as quais esses drones estão equipados.
Quais são as implicações éticas desta nova modalidade de guerra? E se civis, pessoas inocentes, entram na rota do míssil?
Esses são alguns questionamentos levantados pelo filme Eye in the Sky, aqui no Brasil batizado como “Decisão de Risco”. O longa, dirigido por Gavin Hood, entrou em cartaz em abril e traz no elenco nomes de peso como Helen Mirrer e Alan Rickman, morto em janeiro deste ano.
A história mostra uma operação secreta entre os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos para capturar terroristas no Quênia. Envolvendo agentes e militares destes três países, a missão fica cada vez mais complicada, deixando o telespectador mais tenso a cada nova cena.
Em certo momento, percebe-se que um atentado suicida está em curso. Os militares no comando decidem alterar os planos: ao invés de apenas capturar, o plano será eliminar os inimigos. Para isso, eles vão disparar um míssil, que está acoplado a um drone. Mas ninguém contava que uma civil entraria no caminho.
A partir daí, surgem os conflitos. É permitido sacrificar um inocente para eliminar os considerados “terroristas”? E se a ação evitar um possível ataque suicida que mataria 80 pessoas? É possível ponderar sobre o valor da vida? Qual o limite ético diante de um possível triunfo da guerra ao terror?
Além da vida de civis e militares, o filme mostra como as autoridades políticas podem deliberar sobre essas questões. E o quanto nós, cidadãos, estamos longe de saber dos bastidores dessas operações.
Com detalhes poéticos, o filme nos sensibiliza. Traz à tona uma mistura de emoções. Mostra, inclusive, o uso de drones minúsculos, do tamanho de insetos, uma prática de espionagem e vigilância.
Ficam no ar muitas provocações, tais como: é necessário um código de ética para regular o uso militar de drones? Que instituição poderia fazer essa fiscalização? Ao que parece, o uso que tem sido feito destes dispositivos ainda precisa de muitos debates e de mais transparência.
Dica
Além do filme, a dica para quem quer se aprofundar sobre o assunto é a leitura do livro “Teoria do Drone”, do filósofo Grégoire Chamayou. O pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França traz uma visão crítica sobre essas operações militares. Pode ser um bom complemento para entender melhor certas passagens do filme.