A médica neurologista Elizabeth Quagliato é a convidada do programa Oxigênio para a coluna “AVC Sem Mistério”. Nesta edição, às vésperas do Dia Mundial de Combate ao AVC que acontecem em 29 de outubro, conheça sintomas que aparecem pouco antes de um episódio de derrame cerebral e saiba como agir. Aperte o play!
Nesta edição da coluna “AVC sem mistério” vamos abordar o quadro clínico do Acidente Vascular Cerebral. Quero chamar a atenção para os sintomas que o AVC apresenta antes de que ocorra um episódio definitivo. Esse AVC inicial que pode indicar um risco muito grande de a pessoa vir a ter um AVC definitivo é chamado AVC transitório.
Ele se caracteriza por um sintoma neurológico, de perda súbita de visão, de fraqueza, de alteração de sensibilidade de um lado do corpo, ou uma vertigem muito intensa, súbita e com perda de equilíbrio. Pode haver também uma perda da fala
Esses episódios geralmente são muito rápidos: duram de uma hora até no máximo doze horas. Alguns especialistas acreditam que pode durar até 24 horas, mas esse Acidente Vascular Cerebral rápido significa que existe um risco no território dessa irrigação cerebral.
Existe alguma artéria que está sendo obstruída e que, ao acaso, por uma sorte muito grande, foi desobstruída automaticamente. Mas essa artéria, de um momento para o outro, pode novamente sofrer uma obstrução e gerar uma sequela, um déficit neurológico definitivo.
Um episódio que não é raro e que chama muito a nossa atenção é a perda súbita de visão em um olho. É a chamada amaurose (cegueira) fugaz. A pessoa de repente deixa de enxergar de um lado e após algumas horas volta a funcionar, a circulação novamente volta a funcionar e a pessoa enxerga.
Então, imediatamente ela tem que procurar um serviço, um atendimento para verificar principalmente sua artéria carótida, porque a artéria que irriga o olho – a artéria oftálmica – é o primeiro ramo da artéria carótida, um vaso principal que leva a circulação ao nosso cérebro.
Um outro episódio que não pode ser subestimado é a chamada amnésia global transitória. A pessoa fica duas, três ou até quatro horas fazendo automaticamente tarefas ou atividades das quais não se lembra de ter feito. Ela pode dirigir, conversar, mas de uma maneira imperfeita, incompleta, ela fica estranha. E normalmente chama a atenção da família e das pessoas próximas.
A pessoa deve ser imediatamente encaminhada a um hospital, principalmente se tiver mais de sessenta anos de idade, e deve ter a consideração diagnóstica de Acidente Vascular Cerebral. Então isso é um AVC transitório na região da memória e, portanto, essa pessoa pode vir mais adiante a ter um AVC definitivo.
Fique atento.
Elizabeth Quagliato, neurologista, para o Programa Oxigênio.