Algumas áreas das ciências atraem mais mulheres do que homens, mas a matemática, a estatística ou a física não estão entre elas. E quais seriam as razões que limitam a participação das mulheres nas ciências exatas, da terra e engenharias? Como fazer com que as novas gerações sejam estimuladas a atuar nessas áreas? Como ampliar a representação da mulher e a inclusão no mercado de trabalho tecnológico? Essas foram algumas perguntas da entrevista realizada com Sandra Augusta dos Santos, professora do Departamento de Matemática Aplicada, do Instituto de Matemática Estatística e Ciência da Computação da Unicamp e com a Flavia Roberta Silva, gerente de projetos de uma das maiores empresas de tecnologia de informação do mundo, a IBM.
Apesar de um aumento na submissão de projetos de mulheres para as agências de fomento, menor na área de ciências exatas e da terra, e nas engenharias, as duas entrevistadas concordam que ainda é incipiente a presença das mulheres nessas áreas. As duas contam um pouco de como foram as suas trajetórias, marcadas por um grande apoio dos pais para que seguissem a vocação para a matemática e interesse pela ciência da computação. Mas ambas reconhecem que eram exceções. Mesmo assim seguiram adiante e são hoje referências positivas na participação da mulher nas exatas.
Sandra e Flavia falam também sobre os movimentos que têm atraído mais mulheres, tanto para as matemáticas quanto para as tecnologias. Movimentos de mulheres, brancas e negras, de diferentes faixas etárias, que procuram mostrar sua força, competência, e também que as exatas não são só para os homens. As entrevistadas ressaltam que as mulheres nessa área se mostram mais empoderadas e engajadas, dando mais visibilidade para a exclusão e como elas têm rompido os padrões.
A entrevista trata também de representatividade nos diferentes ambientes, seja na academia, na escola, no cinema, lembrando de personagens que têm feito diferença ao mostrar sucesso nas carreiras, e o quanto podem contribuir nessas áreas. Exemplos como as cientistas negras que tiveram um papel fundamental no programa espacial americano, retratadas no filme Hidden Figures, e cientistas premiadas como a matemática iraniana Maryam Mirzakhani, única mulher a receber a Medalha Fields. Na entrevista são lembradas também várias mulheres que se destacam em suas áreas, como a física Sônia Guimarães, do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), ou as mulheres negras empreendedoras, líderes de startups, como a Patricia Santos de Jesus, do Empregueafro ou a Maitê Lourenço, da Black Rocks, consultoria para aceleração de startups. Sandra e Flavia ressaltam como devem ser mostrados esses exemplos, principalmente em relação às mulheres negras, criando outros referenciais sobre mulheres na ciência e nas ciências exatas. Ouça a entrevista!
Oxigênio na SNCT 2017
Esta entrevista fez parte do projeto “Matemática no Ar”, que integrou a programação da 14ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2017). Foi uma realização do programa de rádio e podcast Oxigênio por meio do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp em parceria com a Rádio Unicamp. O projeto ainda contou com a colaboração do PHALA (Grupo de Pesquisa em Educação, Linguagem e Práticas Culturais), da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, além do apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Governo Federal.