#194 – Série Poluição Luminosa – Ep2: Como a luz artificial afeta a astronomia
abr 11, 2025

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Este é o segundo episódio da série Poluição Luminosa, que foi produzida por Marco Centurion. Neste episódio, Marco, que é físico e especialista em jornalismo científico, trata dos impactos que o excesso de luzes artificiais geram para a pesquisa em astronomia. Essa poluição interfere nos equipamentos e dificulta o trabalho de pesquisa de astrônomos, que precisam se instalar em lugares cada vez mais remotos para realizar a atividade de pesquisa.
Os entrevistados do episódio são 
Renato Cássio Poltronieri, presidente e fundador da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON); Marcelo Zurita, presidente da associação paraibana de astronomia e coordenador do Asteroid Day Brasil e diretor técnico da BRAMON; e Cledison Marcos da Silva, também membro da Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis.

Esta série tem três episódios e foi produzida por Marco Centurion, como trabalho de conclusão do curso de Especialização em Jornalismo Científico, curso oferecido pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade, da Universidade Estadual de Campinas. O orientador do projeto foi Alfredo Luiz Suppia, colaborador do curso e professor do Instituto de Artes, da Unicamp.

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Roteiro

[trilha “’Six Coffin Nails’ by Kerosyn Electronic Metal Music (No Copyright)”]

Marco Centurion: O avanço das luzes artificiais tornando as noites cada vez mais acesas, faz com que a pesquisa em astronomia observacional se torne um desafio crescente. A poluição luminosa não apenas apaga as estrelas do céu noturno, mas também interfere nos equipamentos e dificulta o trabalho de pesquisa de astrônomos, que precisam buscar locais cada vez mais remotos.

Renato Cássio Poltronieri: Essa alta poluição luminosa da lâmpada LED é diferente da lâmpada anterior. Eu venho notado na minha estação e alguns outros colegas, que ao adentrar a lâmpada LED, além de matar o céu, está cegando a câmera. O software continua… ele sabe que ele está posicionado. A câmera está travada naquela posição, na posição. Porém, mesmo com novas câmeras hoje em dia que nós estamos utilizando. A gente não vê mais as estrelas e a quantidade de meteoros registrados pelas câmeras caiu “barbarosamente”. Não caiu pouco não. Caiu muito, muito mesmo.

Marco: A pesquisa em astronomia, que será o foco deste episódio, se feita de maneira observacional, sofre muitos reveses com o crescimento de luzes urbanas que escapam para cima. Contudo, os riscos não se fecham somente na perda de dados científicos, o que por si só já é uma perda enorme, mas também podemos estar nos cegando a um problema muito maior.

Marcelo Zurita: Muitas vezes, a poluição luminosa, ela impede a realização de certas atividades, como, por exemplo, a busca por asteroides próximos à Terra. É praticamente impossível a gente fazer esse tipo de atividade em um local com poluição luminosa, porque os asteroides, né? Eles são os asteroides que a gente procura descobrir, são objetos muito tênues, então a gente não consegue exposição suficiente em ambientes com muita poluição luminosa. Então, isso impacta diretamente, inclusive é o trabalho de proteção planetária.

Marco: Meu nome é Marco Centurion e hoje falaremos de algumas iniciativas de ciência cidadã que tem suas atividades diretamente impactadas pelo avanço do mal uso da iluminação urbana.

 A perda do céu noturno é um preço altíssimo a ser pago e a ciência é um dos atores da sociedade diretamente implicados. Para quem trabalha com a observação de estrelas variáveis, como os astrônomos da AAVSO – a Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis –, a poluição luminosa é um dos maiores problemas, se não o principal. 

Cledison Marcos: A AAVSO é uma associação bem antiga já. Ela não é a mais antiga, né? Tem uma na Inglaterra que é mais antiga que ela. Mas a AAVSO, ela é a maior instituição em relação a membros, número de membros e número de observações recebidas no banco de dados. A AAVSO foi fundada em 1911 porque os egípcios já sabiam que estrelas variavam. A própria Algol e eles tinham um cálculo bastante preciso do período dela. Claro, eles não sabiam a causa da variabilidade, mas sabiam que ela variava. Os aborígenes têm relatos de estrelas variáveis. Eles têm lendas sobre Antares, Betelgeuse, Aldebaran. Índios na Bolívia viram supernova. Os próprios aborígenes viram pessoal da Mesopotâmia, viu? Mas isso lá no passado, na nossa época, né? O primeiro registro de estrela Variável foi feito em 1572 pelo Ticho Brahe. 1596 o Davi Fabricius viu Mira a olho nu. Em 1604, o Johannes Kepler viu uma supernova também. Então perceberam que existia uma crença aristotélica que não estava fazendo tanto sentido. O céu não era perfeito, ele mudava, ele passava por alterações. Então começaram a investigar esses objetos e um certo número de estrelas variáveis foi descoberto ali no finalzinho do século XVI, século XVII até o século XVIII. No final do século, ali por volta de 1890, alguma coisa assim, finalzinho do século XIX, um alemão chamado Argelander começou a reunir um catálogo dessas estrelas e fazer algumas observações. Então, William Tyler Olcott, junto com outros americanos ali, eles decidiram criar uma instituição dedicada para o estudo de estrelas variáveis, onde pudessem reunir essas observações e disponibilizá-las de forma pública. Assim nasceu a AAVSO, né? Então, a grande maioria dos contribuidores desde 1911 são amadores. São pessoas que não têm astronomia como fonte de renda, não é? Não atua como profissional. Inclusive o próprio William Tyler Olcott era advogado e começaram a reunir essas observações e a instituição foi só crescendo. O próprio nome diz Associação americana.

Então, no começo era só ali nos Estados Unidos. Com o tempo, foram entrando outras pessoas e hoje acho que mais de 80 países, né? Tem, AAVSO tem membros ali e recebendo observações, inclusive entre 18 a 20 brasileiros enviando observações, né? Tem muitos brasileiros como observadores. Não são membros, né? Mas estão ali enviando as observações, sim. Então, a AAVSO, ela continua com o mesmo objetivo, que é reunir observações de estrelas variáveis de diferentes tipos, qualquer, qualquer tipo de estrela variável, qualquer tipo de cadência, qualquer tipo de período, etc. E também servir como hospedeira desses dados para que possíveis pesquisadores, sejam eles profissionais ou amadores, possam recolher esses dados através de download, publicar seus artigos e claro, dar crédito aos, as pessoas que contribuem, né? Então a gente vê pessoas que observam a olho nu com seus dados, servindo para estudos publicados em revistas fora do país. A gente vê pessoas que observam visualmente ali, com telescópio, binóculo também contribuindo. E a gente sabe que as observações são usadas porque a AAVSO nos avisa, né? Todo domingo a gente recebe um e-mail dela com as observações baixadas ali nos últimos sete dias e não a pessoa que baixou, né? Mas a gente sabe se é um professor, se é um estudante, se é um profissional, se é um amador. Aí fica a cargo do pesquisador nos avisar se ele pretende nos oferecer a coautoria ou se ele quer que a gente seja pelo menos listado ali nos agradecimentos, o que acontece na grande maioria das vezes. Então, a AAVSO, ela é uma instituição que une observadores de estrelas variáveis e também reúne essas essas observações para fins científicos, e educacionais, né? Já que um dos objetivos também da associação é passar a ciência de estrelas variáveis, a astronomia de estrelas variáveis adiante, atraindo mais observadores. 

Marco: Conforme salientado pelo físico, pedagogo e astrônomo Cledison Marcos, a associação reúne observadores do mundo todo para monitorar o brilho e o comportamento de estrelas, algo essencial para entender fenômenos estelares e até mesmo para a busca por exoplanetas, que nada mais são que planetas que não estão contidos em nossos sistema solar. Mas a cada nova luz acesa nas cidades que ilumina para cima, uma parte do céu fica mais difícil de ser observada. O brilho excessivo oculta estrelas tênues e prejudica a precisão das observações. A AAVSO e outras entidades têm se empenhado para conscientizar sobre a necessidade de proteger o céu noturno, incentivando o uso de iluminação eficiente que reduzam o impacto da poluição luminosa. Cledison ressalta que, uma vez que o céu perde o seu brilho, as pessoas passam a buscar por outras formas de observação ou simplesmente, o interesse pelo estudo do espaço sideral.

Cledison Marcos: Ninguém vai querer olhar para algo e não ver algo, né? Então, um céu sem estrelas, ele não é atrativo. Você sabe que a estrela está ali, mas você não está vendo ela justamente por causa da luz parasita, né? Isso pode tirar um pouco do interesse da pessoa para a parte observacional e essa pessoa acabar se aventurando aí por outros meios, seja por meios digitais, etc, projetos na internet, o que é muito válido, claro. E a pessoa acaba indo para esse meio digital da astronomia e acaba perdendo o interesse na astronomia observacional, né? Que também, claro, tem muito valor. Eu acredito que é completamente prejudicial esse ponto. Assim, menos estrelas no céu, menos gente olhando para ver as estrelas.

Vinheta: fade-in da faixa “Final Confrontation”.

Marco: Não somente as estrelas são apagadas com a iluminação parasita que escapa para o espaço, mas outros fenômenos também perdem a sua graça. Antigamente se falava muito mais sobre fazer pedidos às estrelas cadentes. Essa brincadeira hoje não é tão difundida, pois talvez não seja mais tão fácil vê-las a olho nu. O que chamam comumente de estrelas cadentes são os meteoros, ou seja, fenômenos luminosos que ocorrem quando partículas de rocha e outros fragmentos espaciais entram em nossa atmosfera terrestre, que por um processo intenso de compressão dos gases em seu caminho em altíssimas velocidades, emitem a luz que fazem este fenômeno tão belo. Contudo, fragmentos menores, rendem meteoros menores, quase impossíveis de serem observados com os olhos.

Marcelo Zurita: Na ciência de meteoros, ela tem um impacto bastante relevante, porque os meteoros que a gente estuda, a poeira cósmica que atinge a nossa terra todas as noites, o nosso planeta todas as noites, e grande parte dos meteoros são meteoros mais tênues e em uma, em um ambiente com muita poluição luminosa, eles são ofuscados por essas luzes e por essa poluição luminosa. Então, quando a gente tem o crescimento da poluição luminosa nas cidades e até mesmo nas zonas rurais, é uma coisa absurda que a gente vê, né? Você vai para uma, para uma zona rural, para uma fazenda e tem gente em volta que coloca um refletor para iluminar o campo a noite inteira. Então é uma coisa que realmente é desnecessária e tem grandes impactos, né? Nessa atividade do monitoramento de meteoro, porque reduz a magnitude limite, né, que a gente a gente teria para observar, né? Os meteoros, então, a gente passa a registrar menos meteoros. A gente passa a perceber menos as chuvas de meteoros que geram fenômenos mais tênues que geram esses meteoros mais tênues. Aí, com isso, a gente acaba perdendo qualidade, né, dos dados que a gente produz. Aí os dados que a gente gera para a ciência, tá? Então, isso impacta assim diretamente no estudo dos meteoros.

Marco: A voz que você acabou de ouvir é de Marcelo Zurita. Marcelo é atualmente presidente da associação paraibana de astronomia e coordenador do Asteroid Day Brasil, além de ser diretor técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros, a BRAMON. 

Marcelo Zurita: Olha a BRAMON, ela foi, na verdade a consequência de um esforço realizado aí, por várias, várias pessoas, né, que queriam montar uma rede de monitoramento de meteoros. Acho que uma das inspirações foi a professora Elizabeth Zucolotto, que fez uma apresentação no Encontro Nacional de Astronomia. E acabou que em 2014 essa ideia começou a se tornar realidade, né? Inicialmente. Aí o Renato Poltronieri, com o Carlos Augusto de Pietro e com o Eduardo Santiago formando aí as primeiras estações, né, da BRAMON aí no Brasil. Aí depois ela foi crescendo e tomou corpo, né? Até ser aí uma das maiores redes de monitoramento de meteoros do mundo, né? O trabalho da BRAMON basicamente é. Cada operador que faz parte da BRAMON, cada pessoa que administra suas estações, né? A gente precisa montar uma estação de monitoramento que consiste numa câmera de vigilância apontada para o céu. Uma câmera de alta sensibilidade, com uma lente também bastante sensível, apontada para o céu e observando o céu a noite inteira. E essa câmera joga imagens para um software e busca por padrões de movimento nas imagens que possam ser meteoros. Então, quando é detectado algum objeto que possa ser meteoro esse software grava vídeos e imagens para que isso possa ser analisado posteriormente.

Vinheta: fade-in da faixa “atmospheric-soundscape”.

Marco: Citado por Marcelo Zurita, Renato Cássio Poltronieri é astrônomo amador atuante há cerca de 20 anos e um dos fundadores da BRAMON. Renato relata que a rede, desde seu início, enfrentou problemas com a poluição luminosa e mesmo assim vem mantendo um bom número de registros de meteoros. Porém a crescente substituição das luzes urbanas por lâmpadas de LED, que são mais azuladas, tem apresentado impacto na qualidade desses registros.

Renato Cássio Poltronieri: Quanto maior a sensibilidade da câmera, a gente consegue pegar mais estrelas no céu, é a única forma da gente driblar a poluição, porque o software. O programa sabe qual é aquela estrela e consegue monitorá la independente da poluição luminosa. Porém, quanto menos estrelas você consegue captar no seu equipamento, é ruim a qualidade da análise e posicionamento da estrela no céu, para melhor qualificar de onde veio aquele objeto, do meteoro no caso. Então, logo no início, a gente começou a enfrentar já a poluição luminosa. O que fazer? Como melhorar pra estação do colega nosso, do operador lá que tá tendo a mais alta poluição? Primeiramente, foi o filtro negativo. O filtro atrapalhou. A questão foi utilizar a câmera, melhorando a sensibilidade dela, porém aumentando o nível de ruído. E você aumentando o nível de ruído de uma câmera para observação do céu profundo. No caso, ela capta a luz das estrelas. A câmera tem que ser específica para isso. Você teve que mexer. A gente teve que mexer em alguns parâmetros da câmera. Você mexeu nos parâmetros da câmera, você aumenta o nível de ruídos, o que você perde a qualidade pra registrar aquele meteoro, e principalmente pra analisar. Tornando se num caso desse, obrigatório ter uma estação que tenha menos PL, por exemplo. Ou também com o PL pra poder analisar esse meteoro, pra corrigir algo que a luz distorceu. Então a gente chegou a ter uma estação com o céu sensacional e a estação com o céu ruim, porém com a triangulação, com os dados, mesmo com o nível de ruído na câmera, a gente conseguiu driblar um pouco isso aí. Outros aparatos para colocar debaixo da caixa da câmera, pra evitar que o brilho da luz venha diretamente na câmera, onde dispara e dá distúrbio no sistema. A gente veio lutando por isso. Nós temos estação dentro de São Paulo. Nós temos ali o colaborador, o Colaborador ou operador. O Sérgio Mazzi é vive dentro de São Paulo com altíssima poluição luminosa e consegue registrar meteoros, mas o que ele registra são bons. Porém, a grande maioria dos meteoros são pequenos, são imperceptíveis e a alta poluição luminosa não deixa a gente registrar ele. Então a gente já tem uma, a gente já perde muita coisa ali.

Marco: As triangulações em que Renato se refere funcionam quando registros de um mesmo meteoro acontecem em localidades diferentes, permitindo que se tenha diferentes ângulos de dados e maior precisão sobre o meteoro registrado. A BRAMON orienta seus operadores quanto às direções de apontamento das câmeras, a fim de ter um melhor pareamento de estações, porém luzes urbanas mal planejadas forçam alterações no direcionamento das câmeras.

Marcelo Zurita: A gente sempre orienta, né, que o local onde, onde for ser instalado a estação, ela seja livre de poluição luminosa o máximo possível. Na verdade, principalmente, né, se você tem um poste de iluminação próximo da sua casa, tentar evitar esse poste o máximo possível. E o apontamento da câmera também acaba sendo influenciado. Então, se a gente tem, por exemplo, no local da instalação da câmera, a gente tem um uma outra estação aí, numa distância ideal, 100, 200 quilômetros de distância, que possa fazer um pareamento com a sua estação, a gente vai calcular um apontamento para para que a gente tenha um pareamento ideal. Mas se tiver interferência de poluição luminosa nessa direção, a gente acaba precisando rever o apontamento para evitar essas áreas de poluição luminosa que que realmente são muito nocivas, né, para o monitoramento. Então, se tiver, por exemplo, um poste de luz ou um uma casa que sempre está bem iluminada na direção, naquela direção, a gente acaba tendo que recalcular o pareamento ou até mesmo evitar, né, aquela, aquela área perdendo a qualidade do pareamento, para evitar o as regiões do céu com muita poluição luminosa.

Vinheta: fade-in da faixa “Final Confrontation”.

Marco: A atividade de astronomia amadora, ou a ciência cidadã em geral, facilita que exista uma interação maior entre aquilo que é produzido nos institutos de pesquisa e o grande público. Movimentar os tomadores de decisões da sociedade na direção da solução de problemas, como o da poluição luminosa, passa por ouvir o que os estudiosos dessa área têm a dizer.

Renato Cássio Poltronieri: O que nós precisamos fazer? Conscientizar nossas autoridades e o público em geral para diminuir isso. De que forma a gente pode fazer isso e continuar tendo a segurança, a iluminação necessária. Primeiramente, não deveriam nem trocar essas lâmpadas. As lâmpadas que já estavam já eram prejudiciais porque a lâmpada de um poste público, ela clareia toda a rua e clareia sua casa desnecessariamente. Nós temos que iluminar a calçada para o pedestre. Já foi pedido no passado pra redirecionamento dessas lâmpadas. Não foram feitas. O que pode ser feito hoje, inicialmente, é o redirecionamento dessa lâmpada e posicionando ela melhor em relação ao chão, diretamente ao chão, somente ao chão e altura dela também para que reduzisse a altura. Na maioria das cidades que eu ando, a lâmpada pública dos postes de iluminação, eles ficam em torno de cinco metros de altura ou até mais.

Marcelo Zurita: E se você se sente seguro com a iluminação, basta iluminar o local onde você passa. Basta iluminar como a gente diz, e jogar a luz para baixo, né? Para onde você quer iluminar e não jogar a luz para o lado? Então o ideal é você ter mais luzes de menor potência direcionadas para baixo. Assim você ilumina o que você precisa iluminar e não vaza luz para atmosfera não vaza luz para o seu vizinho que tá querendo dormir de noite, que tá precisando dormir de noite. Então, esse tipo de coisa eu acho que é essencial, né? Conscientização. E depois a educação, né, para que as pessoas saibam a melhor forma de você implantar uma iluminação, seja uma iluminação pública, seja uma iluminação da sua casa. Muita gente não sabe, por exemplo, que iluminar a sua sala com uma luz branca durante a noite faz mal para sua saúde. Não é que você vai dormir de luz ligada, você não precisa disso, Mas você passar a noite inteira ali, com essa luz branca na sua, na sua vista, vai prejudicar o seu sono depois que você desligar ela e for para a cama. Então as pessoas precisam ter essa consciência e precisam ser educadas, né, de como iluminar, né, como utilizar a iluminação pública da melhor forma, né? Sem se prejudicar e sem prejudicar as pessoas que estão em volta.

Marco: A iluminação noturna não deve ser vista como um vilão, a má utilização deste recurso é o que nos traz problemas. A otimização do uso da iluminação urbana ou de nossos ambientes privados, traz benefícios econômicos e para nossa saúde, além de permitir que as futuras gerações sejam capazes de enxergar aquilo que esteve conosco desde que existe humanidade na Terra! O simples ato de olhar para o espaço e enxergar um sem número de estrelas, pode moldar toda uma geração de novos profissionais da astronomia.

Vinheta: fade-in da faixa “Cinematic Documentary Chill by Infraction [No Copyright Music] _ Moments Passed”.

Cledison Marcos: Toda criança nasce um cientista, né? A curiosidade está ali a querer saber como que as coisas funcionam. Queria saber por que qualquer coisa acontece. E esse contato com a astronomia, isso alimenta ainda mais essa curiosidade das crianças. E a partir do momento que elas têm noção que elas conseguem ver algo, isso pode aumentar ainda mais esse interesse dela. E, claro, pode criar uma nova geração de astrônomos, pode criar uma nova geração de professores, que é muito importante, a profissão mais importante de todas. E, claro, pessoas também conscientizadas, né. “Olha gente, se a gente aumentar a iluminação, a gente vai perder isso aqui”. Então as gerações futuras podem ser muito prejudicadas, né? E a gente tem que começar já conscientizando agora, porque a gente não vai ficar aqui para sempre, então, quem vai chegar futuramente são eles. Para a gente plantar essa sementinha neles também, né, Para eles continuarem levando adiante.

Marco: Este episódio foi produzido, roteirizado e apresentado por mim, Marco Centurion, como produto do trabalho de conclusão do curso de Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, o LabJor, da Unicamp. Para a produção deste episódio foram entrevistados o Renato Cássio Poltronieri, o Marcelo Zurita e o Cledison Marcos da Silva.

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