Esse tal de vírus zika não tá fácil. Nossos feeds no Facebook, no Twitter, e por aí vai, estão “bombando”, toda hora tem novas notícias. Mas afinal, dá pra acreditar em tudo o que se vê, lê e ouve por aí? A gente responde: não dá. É preciso muito, mas muito senso crítico mesmo pra separar, como dizem, o joio do trigo.
O Zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti, mosquito que também espalha a dengue e a febre Chikungunya. Segundo o Ministério Da SaúDE, o Zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015 e seu nome faz referência ao local de origem de sua identificação em 1947, na floresta Zika, em Uganda.
Para não ficarmos batendo na tecla do tema saúde e consequências, algo que a mídia tradicional já está falando todos os dias, optamos por tratar o caso de outra maneira, na forma de análise de recepção, que a grosso modo é um tipo de estudo que analisa o discurso. Para Roseli Paulino, autora da pesquisa “Estudos de recepção para a crítica da comunicação” e professora do departamento de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, a postura da imprensa tem sido um tanto, digamos, “apocalítica”.
A pesquisadora toca num ponto importante ao lembrar que grande parte dos afetados pelo zika vírus são pessoas em situações vulneráveis. A declaração de Roseli, especialmente no que diz respeito às populações mais fragilizadas do ponto de vista do saneamento básico, está em linha com o que diz a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a ABES. Em nota, a associação informa que o pior problema para o combate às doenças é o abastecimento irregular, como falta ou intermitência de água, o que leva a população a adotar alternativas como barris e caixas d’água sem o cuidado necessário.
A vulnerabilidade, tanto do ponto de vista financeiro quanto cultural, segundo Roseli, pode levar a um entendimento equivocado e pouco esclarecedor sobre o que realmente está acontecendo. Mas será que o problema está só na imprensa tradicional? E aquelas informações, ou melhor, desinformações que circulam nas redes sociais, recheadas de boatos? É preciso tomar cuidado pra não cair em armadilhas e sair compartilhando besteiras por aí, hein? Mas preste atenção: não são só as redes sociais que transmitem informações duvidosas, não. Muitas vezes, empresas de mídia na ânsia de atrair audiência para suas publicações fazem chamadas tendenciosas e confusas. E é claro, isso sempre funciona. A gente vai lá e clica.
Então, o que devemos fazer? A solução é recorrer sempre a mais de uma fonte para se informar e, mais importante, não compartilhar o que for duvidoso! Veículos de comunicação vinculados a institutos de pesquisa, a universidades públicas, fontes independentes costumam tratar casos delicados com mais prudência. Então, cuidado com boatos, vale a pena pesquisar.
Matéria de Erik Nardini