A qualidade do que encontramos no supermercado depende do interesse do consumidor e de mudanças nos hábitos alimentares, ressaltaram Jorge Behrens e Cinthia Betim, ambos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O dia em que o mercado começar a fazer exigências mais realistas, a própria indústria vai se transformando; ela não vai sobreviver se não colocar um produto que seja adequado”, acredita Behrens. “No passado, a preocupação da indústria era quantitativa, produzir o maior número possível, hoje, o objetivo é mais a qualidade”, pontua Betim.
Os comentários fizeram parte da entrevista realizada pela repórter Kátia Kishi no dia 22 de outubro. Ouça na íntegra clicando no player acima.
E qual o peso da publicidade e da mídia na escolha dos consumidores? Na análise de Betim, o Ministério da Saúde tenta coibir abusos na publicidade e na propaganda. No entanto, há muito apelo para o público com a profusão de blogs e outras mídias sociais que difundem, por exemplo, dietas perigosas para o emagrecimento.
Behrens nota o perigo da criação de um círculo vicioso em que a sociedade cria demandas, que são atendidas pela mídia e pela indústria, e ao mesmo tempo, move o mercado motivado pela conveniência e indulgência.
Outro ponto comentado na entrevista é quanto ao Programa Nacional de Alimentação Escolar. Referência internacional, a iniciativa está inserida na cadeia produtiva envolvendo pequenos produtores no fornecimento dos alimentos para as merendas nas escolas.
No entanto, a execução do programa ainda tem problemas. “A merenda é uma representação social da alimentação escolar fortemente enraizada em nossa cultura”, diz Behrens. “Só que ela remete a um passado assistencialista, quando a ideia era fornecer alimentação a uma criança sem recursos como uma espécie de caridade prestada pelo estado”.
Essa visão traz prejuízos amplos, da gestão à formação dos alunos. Para Bahrens é preciso ver a alimentação escolar como direito do estudante em que a qualidade das refeições e também a educação alimentar devem ser enfatizadas.
Oxigênio na SNCT
Esta entrevista fez parte das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2016) por meio do projeto “1, 2, Feijão com Arroz, 3, 4, Ciência no Rádio”. Foi uma realização do programa Oxigênio web rádio e podcast por meio do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp em parceria com a Web Rádio Unicamp. O projeto contou também com Helena Gomes na produção da vinheta, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA) da universidade na produção de pautas e conteúdos, e financiamento via Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Governo Federal.
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