#99 – Temático Memórias: Episódio 2 – O Trauma
ago 13, 2020

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Quão fundo podem ir as marcas que o trauma deixa em uma pessoa, e quais são os fatores que determinam a intensidade dessas marcas em cada um? Nessa segunda e última parte da minissérie “Memórias”, nosso temático em duas edições sobre traumas e sua relação com os mecanismos da memória, o trio de divulgadores científicos formado por Bruno Moraes, Caroline Marques Maia e Vinicius Alves tenta entender a relação entre memórias, trauma, transtornos psiquiátricos e a percepção da realidade.

Partindo, como da outra vez, de um exemplo ficcional saído dos videogames, o programa traz a maneira como a série Silent Hill representa o trauma, e segue daí para as entrevistas com as psicólogas Paula Rui Ventura e Mara Regina Nunes Alves, com o psiquiatra William Berger, e com a bióloga Juliana Carlota Kramer Soares, que já havia participado da primeira parte. Junto a essa equipe de especialistas de diversas áreas, o Oxigênio tentará dar respostas aos mecanismos por trás do surgimento e da superação do trauma, tratando para isso de temas que vão da genética à terapia, passando até mesmo por um artigo baseado na observação de neurônios disparando em tempo real. 

O roteiro e apresentação foram feitos pelos apresentadores Caroline, o Vinícius e o Bruno, com trabalhos técnicos de Octávio Augusto, da Rádio Unicamp, e de Gustavo Campos auxiliando na edição. A coordenação do Oxigênio é de Simone Figueiredo, que também ajudou a elaborar o roteiro.

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Paula: Eventos potencialmente traumáticos são aqueles que ameaçam a vida ou a integridade física das pessoas.

Bruno: Por que algumas pessoas são mais vulneráveis do que outras para desenvolverem transtorno após um trauma?

Juliana Carlota:  Nem todo mundo que passa por uma situação em que é assaltado vai desenvolver um trauma. Tem gente que supera isso muito bem, outras pessoas não. Então, praticamente todo mundo vai passar por alguma experiência traumática na vida.

Carol: Como o trauma se instala na mente na forma de uma memória tão vívida, como se o evento traumático tivesse acontecido agora?

William: terapia cognitivo comportamental vai mostrando para o indivíduo que apesar daquele evento ter sido perigoso naquele momento, ele não é mais perigoso de forma que você tenha que recrutar todos os mecanismos de defesa.

Vinícius: Como entender os fatores que levam algumas pessoas a superar as experiências traumáticas de longo prazo? E como desenvolver terapias para ajudar as que não conseguem deixar essas memórias pra trás?

Carol: O Oxigênio de hoje é o segundo episódio da minissérie MEMÓRIAS e trata de questões sobre o Trauma. Vamos falar sobre eventos potencialmente traumáticos, o que é Transtorno de Estresse Pós Traumático, seus sintomas e também seus tratamentos. Eu sou Caroline Maia.

Bruno: Eu sou Bruno Moraes.

Vinícius: E eu sou o Vinícius Alves. E começa agora: “Memórias: Episódio 2 – O Trauma”

Bruno: Como já comentamos no primeiro episódio, antes desse programa virar uma minissérie, com link pra videogames e ficção, tínhamos uma pauta até que simples: Iríamos falar sobre um artigo publicado no princípio deste ano pelo grupo de pesquisa do professor Susumu Tonegawa, do Massachusetts Institute of Technology, o MIT.

Carol: Depois de ler o artigo e de ter entrevistado pessoas de diferentes áreas do conhecimento sobre o tema, que nós percebemos qual era a melhor forma de lidar com ele. Primeiro explicar como funciona a memória, o que fizemos no programa anterior. E no programa de hoje vamos falar sobre o envolvimento das memórias no medo, no trauma, e na superação.

Bruno: Mas antes… Tem um pouco mais de videogame pra dar ao programa uma pitada mais nerd… Quer dizer… Pra trazer mais um paralelo entre as questões científicas desse episódio e uma obra ficcional. A gente até tentou pensar em um exemplo que viesse de uma outra mídia pra dar uma variada, mas esse é realmente um dos exemplos mais fortes sobre a relação entre os traumas que alguém carrega e a forma como a realidade dessa pessoa é distorcida por esses traumas. Bem-vindos… A Silent Hill.

Carol: A série de jogos de terror Silent Hill, da desenvolvedora japonesa Konami tem muito a ver com o conceito de traumas. E não é só pelo fato de ser uma série que lida com o terror mas, principalmente, porque o trauma psicológico dos personagens é parte central do enredo de muitos desses jogos.

Vinícius: E essa vivência dos personagens tem muito a ver com a questão que trouxemos para o Oxigênio na primeira parte dessa minissérie em dois episódios. Ou seja, o quanto as memórias moldam a percepção da realidade em torno de uma pessoa.

Bruno: Silent Hill é uma cidade fictícia nos Estados Unidos, com a história marcada pelas atividades de um culto religioso de centenas de anos. A história dos jogos, em geral, se passa em uma realidade alternativa, relacionada à ação do culto e povoada por criaturas perturbadoras.

Carol: Em Silent Hill 2, o protagonista James chega à cidade após receber uma carta de sua esposa, dizendo que sentia saudades deles juntos, citando algumas memórias do casal, e dizendo que estava esperando por ele num lugar especial em uma cidade próxima, Silent Hill, onde o casal passou sua lua de mel. O intrigante disso é que Mary, a esposa do James, havia morrido algum tempo antes de escrever essa carta.

Bruno: Em uma história ao mesmo tempo aterrorizante e melancólica, Silent Hill 2 mostra a jornada de James pela cidade assombrada, lutando com as criaturas e, no processo, com o próprio passado que ele suprimiu das suas memórias. O interessante é que, em alguns momentos do jogo, a cidade da realidade alternativa se transforma ainda mais, tornando-se mais distorcida, mais ilógica, e mais violenta. Ela também se torna mais pessoal.

Vinícius: Nessa realidade alternativa, o “outro mundo”, tanto os cenários quanto as criaturas refletem traumas do passado de quem está ali. Cada pessoa vê um “outro mundo” diferente. Por exemplo, o “outro mundo” se manifesta para James como um lugar frio, melancólico e cinzento, o que pode ser lido como uma manifestação do luto que ele está vivenciando.

Carol: As criaturas que habitam esse pesadelo “personalizado” do James refletem suas frustrações quanto à doença que levou sua esposa à morte, e aos efeitos dessa doença no seu casamento…Sem dar spoiler, mas só pra deixar um parêntese aqui de que o cara foi MUITO machista com a esposa, e talvez a cidade o tenha chamado ali exatamente para ele encarar isso de frente!

Bruno: Enquanto isso, a personagem chamada Angela, enxerga, ao invés de uma realidade gelada e cinzenta, um lugar em chamas, com criaturas que remetem a homens deformados, à feiúra e à agressividade. Tudo isso faz sentido quando se descobre que, desde a infância, Angela sofreu diversos tipos de abusos psicológicos e físicos, e de sua própria família. Em especial por parte do pai e do irmão. E na grande metáfora que é o “outro mundo” de Silent Hill, esses efeitos emocionais dos repetidos traumas são extrapolados como monstros, enigmas psicológicos que remetem a memórias desagradáveis e distorções da própria arquitetura da cidade. Para muitos dos personagens da série, encarar os traumas explicitados em Silent Hill e conseguir deixar a cidade significa retornar a uma vida com um novo significado, uma nova compreensão da totalidade da vida, permitida, em parte, pelo confronto com as partes mais sombrias da própria mente.

Carol: Mas e na vida real? Como as memórias traumáticas podem transformar a realidade da pessoa traumatizada?

Vinícius: Para entender melhor quando um trauma passa a ser uma doença na vida de algumas pessoas, entrevistamos a psicóloga Paula Rui Ventura, que é coordenadora do Laboratório de Trauma e Medo na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Paula é uma psicóloga com experiência de pesquisa sobre o diagnóstico e o tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, também chamado de TEPT. 

Paula: A pessoa apresenta um conjunto de sintomas relacionados ao trauma. O evento traumático é re-experienciado de modo persistente através de lembranças, pesadelos, sensações de que tudo está acontecendo de novo, um intenso sofrimento psíquico. Além disso, a pessoa evita tudo que lembre o evento traumático, como lugares e pessoas… E apresenta também sintomas como insônia, irritabilidade, hipervigilância, que é uma sensação de estar sempre tenso.

Vinícius: Nossa, é mais complexo do que eu imaginava. Diante de todos esses sintomas, podemos considerar que o TEPT afeta consideravelmente as relações sociais dos pacientes.

Paula: Tem também uma sensação de entorpecimento emocional que é o nome que a gente dá para sentimentos de distanciamento das outras pessoas, apresentando dificuldade de experienciar emoções positivas que é uma coisa que normalmente não se fala, mas que está presente no TEPT.

Bruno: Alguns dos exemplos típicos de eventos que podem levar ao TEPT são:

Paula: Assalto, sequestro, abuso sexual, abuso físico, acidentes naturais como maremotos, terremotos, furacões, acidentes automobilísticos também.

Carol: É, realmente são situações que, como a Paula comentou, ameaçam a vida ou a integridade física da pessoa. Agora uma curiosidade, já existem pesquisas indicando quais tipos de traumas geram mais transtornos pós-traumáticos na população?

Paula: Os piores traumas são aqueles causados diretamente por outros seres humanos, como no caso do estupro por exemplo. Então por mais terríveis que sejam os traumas coletivos, eles são menos danosos do ponto de vista psíquico do que os traumas causados por relações interpessoais, de um ser humano em relação a outro ser humano. Então para ter uma ideia em relação à questão do estupro, 0.7% dos homens sofrem estupro ao longo da vida e 65% desenvolvem transtorno do estresse pós traumático. Para você ver como é alta a porcentagem. Já no caso das mulheres, 9.2% sofre estupro ao longo da vida e 46% desenvolve transtorno de estresse pós-traumático. Então, mais uma vez bem alta a porcentagem.

Bruno: De fato, uma porcentagem alta. Mas parece muito estranho que os homens, apesar de serem bem menos expostos a essa violência terrível, tenham uma taxa tão mais alta de desenvolvimento do transtorno. Segundo a Paula, as causas dessa diferença ainda não são bem compreendidas.

Paula: Não se sabe ao certo o porquê dessa diferença de percentuais em termos do desenvolvimento do TEPT em homens e mulheres, mas o que se acredita é que, provavelmente é alguma diferença do ponto de vista cultural que está operando aí. No sentido de que os homens talvez se sintam mais humilhados, mais envergonhados do que as mulheres. Então essa seria uma hipótese, mas que não foi testada ainda, seria só uma ideia preliminar.

Vinícius: As experiências traumáticas impactam de forma diferente as pessoas. Algumas vão desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático e outras não, ou sentirão em graus diferentes, como explica a psicóloga da UFRJ.

Paula: A carga genética e a história pessoal tornam algumas pessoas mais propensas a desenvolver o TEPT do que outras.

Carol: Existe uma crença popular de que as pessoas que são frequentemente expostas a situações traumáticas, como aquelas que encaram a violência todos os dias, vão se acostumando com essa situação e simplesmente não desenvolvem traumas por isso.

Vinícius: Mas não é bem assim. Como a Paula disse, quanto maior o número de eventos traumáticos na vida, maior a probabilidade de desenvolver o transtorno ligado ao trauma… Um bom exemplo disso são as pessoas que moram em locais onde convivem com a violência diariamente.

Bruno: Quem comenta sobre isso é o William Berger, docente na Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da comissão de trabalho e estudos em violência, estresse e trauma, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

William: Quanto maior é o número de eventos traumáticos que a pessoa é exposta durante a vida, e as pessoas que moram em comunidades violentas são constantemente expostas, isso aumenta o risco do indivíduo chegar no momento em que seus fatores pessoais ali, ele não consegue mais dar conta daquela violência. E aí é como um copo que transborda e o indivíduo acaba desenvolvendo o transtorno de estresse pós-traumático.

Carol: William atende frequentemente pessoas de comunidades no Rio de Janeiro que sofrem com o transtorno de estresse pós-traumático. A situação dessas pessoas é tão complicada que podem superar até mesmo o que passam os militares que estão numa situação de guerra. 

William: Eu estudei na Universidade de São Francisco na Califórnia, eu fiz parte do meu doutorado lá e tive a oportunidade de conversar com alguns veteranos de guerra do Irã, Iraque, lá da operação Iraque livre, enfim… que os Estados Unidos coordena. Quando o cara ele é um soldado e vai pra guerra, primeiro ele recebe treinamento pra ir pra guerra né e depois recebe equipamento pra ir pra guerra e depois é mandado durante algum período pra guerra, muitas vezes 6 meses mais ou menos, e ele volta pra sua casa, pra segurança do seu lar e possivelmente ele é convocado depois. Mas ele tem uma data de ida e uma data de volta. O indivíduo que mora numa comunidade do RJ, por exemplo, ele não tem um tempo de exposição ao evento, aquilo é uma coisa diária. Ele não tem um ambiente de segurança para onde ele volta, ele não foi treinado pra aquilo ali. Então, a sensação de insegurança e de impotência é muito maior, por exemplo, do que num soldado que é convocado pra guerra.

Bruno: Nossa entrevistada do primeiro capítulo do “Memórias”, Juliana Carlota Kramer Soares, comenta um pouco sobre essa história tão diferente de guerra que é a vivenciada em comunidades no Brasil e há séculos faz vítimas com um mesmo perfil. Uma guerra contra a própria população que é inaceitável em uma república democrática no século XXI.

Juliana Carlota: Quando a gente compara o Brasil com o resto do mundo, apesar de a gente não ter uma guerra declarada aqui aparentemente, os dados mostram que morre mais gente no Brasil do que em países que têm uma guerra civil. E essas pessoas que morrem são negros — pretos e pardos — e pobres. Então isso é uma realidade muito triste. Tem um estudo, ele é de 2017… é um estudo grande, multicêntrico assim, que comparou pessoas de diferentes países e de diferentes níveis socioeconômicos. E aí, o índice de TEPT na população já era em torno de 4%. Mas, se a gente pensar em outros transtornos mentais… por exemplo, depressão e ansiedade… Praticamente 33% da população mundial sofre de transtorno de ansiedade. E, no Brasil, por exemplo, também esses níveis se comparam, isso no mundo e no Brasil a porcentagem é cerca de 30% das pessoas têm algum tipo de transtorno, né? Com certeza parte disso também é devido às condições precárias de vida aí que a gente tem aqui no país.

Vinícius: Juliana comenta ainda que

Juliana: com certeza a exposição a situações traumáticas pode sim alterar a nossa percepção da realidade, e mudar também o funcionamento cerebral. Então pode gerar transtornos mentais, como por exemplo a depressão e a ansiedade, ou o TEPT, e, de forma geral, as pessoas passam a ter uma visão menos esperançosa da vida, ou então elas vão estar sempre tensas, né? Ou em alerta, com aquela expectativa de que algo ruim pode acontecer. Mas o que acontece é que nem todo mundo vai desenvolver um transtorno. Isso depende de características individuais. E esse é o desafio, né? Entender o que está acontecendo.

Carol: Para entender o que está acontecendo é necessário saber como essas memórias traumáticas são formadas, armazenadas, acessadas e extintas. A porta de entrada das memórias no nosso cérebro é por uma região específica conhecida como hipocampo, que acaba estimulando uma outra região do nosso cérebro, que é muito relacionada ao medo, que é a amígdala. William nos explica como isso se processa…

William: Diante de uma situação de perigo, você tem uma hiper estimulação da amígdala. O seu lobo-frontal tenta balancear um pouco essa estimulação da amígdala, mas, de qualquer jeito, essa informação, essa memória da situação aflitiva, ela é armazenada no cérebro a princípio na amígdala, depois no hipocampo, e depois ela vai sedimentando e vai passando pra outras regiões do cérebro. Então, quando ocorre transtorno de estresse pós-traumático, ocorre armazenamento dessa memória emocionalmente carregada, no sentido negativo, ela é hiper consolidada. Então, o TEPT ele é, na verdade, uma patologia da memória, porque ela passa daquele ponto onde ela é benéfica pro indivíduo se lembrar daquela situação e ela é armazenada de uma forma muito intensa.

Bruno: E nem sempre uma pessoa precisa se lembrar conscientemente dessa situação traumática para que sua realidade fique marcada. As memórias traumáticas também podem ser implícitas, e isso acontece em casos em que memórias são suprimidas, como em traumas da primeira infância. É o que nos conta a Juliana.

Juliana Carlota: Alguém que durante a infância, criança, lá por volta dos dois, três anos de idade… A criança se queimou no fogão. E aí ela não lembra, né? Depois de adulto você não se lembra desse ocorrido. Mas você desenvolve uma aversão por fogão ou por cozinhar. Então uma das explicações para isso, das hipóteses para explicar esse trauma, né? “Eu tenho um trauma de fogão”, é que nessa fase, por volta dos dois anos de idade, o teu hipocampo, que é a região responsável por formar novas memórias, não está completamente formado. Ele ainda está se desenvolvendo. Agora, uma outra região do cérebro que é a amígdala, que está relacionada com as emoções já estava desenvolvida. Então foi aí nessa região que ocorreu essa associação, entre a queimadura que você sofreu e essa situação traumática aí. Então, toda vez que a pessoa chega perto de um fogão, ela não sabe muito bem o porquê, mas ela tem uma reação de medo ou um certo desconforto.

Carol: Mas, por que essa memória, consciente ou não, quando é trazida à tona, dispara reações tão intensas que chega a parecer que o indivíduo está revivendo o evento traumático? Como isso se transforma na patologia do TEPT? Como explica William, isso ocorre pela liberação de hormônios que estimulam a amígdala de novo quando a memória vem à tona.

William: Sempre que essa memória é trazida à tona por qualquer razão, você tem uma nova liberação de noradrenalina, você tem uma nova estimulação da amígdala, e a memória volta a ser consolidada de forma intensa. Então, isso explica parte da patologia do TEPT, que ao invés da memória se tornar cada vez mais branda ao longo do tempo – como ocorre com as nossas memórias neutras né, por exemplo, dificilmente a gente se lembra o que almoçou há dois meses atrás, na última quarta-feira do mês, se não aconteceu alguma coisa importante ali, se não houve um evento emocional que te fizesse lembrar aquilo ali. Então as memórias neutras, elas vão se apagando ao longo do tempo. Isso não corre na memória do TEPT, pelo contrário, algumas vezes elas vão se tornando mais intensas.

Vinícius: Mas quando passamos por situações que podem gerar traumas, não é só a noradrenalina que é liberada. Outro hormônio, o cortisol, que é conhecido como o hormônio do estresse, também está envolvido… afinal, numa situação difícil como as que podem causar traumas, é de se esperar que as pessoas fiquem bem estressadas! E o cortisol, ao contrário da noradrenalina, pode ajudar o indivíduo a lidar melhor com a situação.

William: Esse cortisol, do mesmo jeito que o lobo frontal, ou até de maneira mais intensa, ele diminui a atividade da amígdala. Então, ele balanceia de forma que essa memória traumática seja armazenada na medida certa. Quando você não tem esse tipo de cortisol, seja por uso de medicações ou por características genéticas do indivíduo, você tem essa hiperestimulação da amígdala e a consolidação da memória de uma maneira nociva, intensa demais. Os pesquisadores vêm tentando desenvolver drogas ou utilizar drogas já existentes que diminuam o risco do indivíduo desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático frente a uma situação de perigo ou uma situação potencialmente traumática. Mas até agora, não tem nenhuma droga com a eficácia clínica. 

Bruno: É… evitar o trauma não é fácil… mas algumas pessoas acabam lidando melhor do que outras com situações que podem causá-los. Tem pessoas que são mais impactadas do que outras quando encaram situações muito difíceis. Essa resposta depende, entre outros fatores, das características genéticas de cada um.

Vinícius: E é por isso que dizemos que existem situações POTENCIALMENTE traumáticas… Nenhuma situação em si, necessariamente, vai gerar um trauma… isso vai depender da percepção e da resposta da pessoa.

Carol: Mesmo, por exemplo, numa situação de um assalto, em que o indivíduo tem uma arma apontada para sua cabeça e corre risco de vida, ainda é algo apenas com potencial para gerar trauma.

William: No geral, diante dos vários eventos traumáticos a que o indivíduo pode ser exposto ao longo da vida, a maior parte dos indivíduos – cerca de dois terços, eles evoluem muito bem. Eles têm um período de ansiedade, eles têm um período que pode até ter sintomas de estresse pós-traumático, mas que isso desaparece espontaneamente, sem a necessidade de nenhuma intervenção. Alguns indivíduos desenvolvem uma coisa ainda que chama Crescimento Pós-Traumático, que seria uma reação positiva em relação à depois que o indivíduo desenvolve a sua espiritualidade, ele passa a dar mais atenção pras suas atividades de prazer e menos de trabalho, ele passa a tentar aproveitar melhor a vida, seus familiares, seus amigos. Então ele passa a ter uma maior qualidade de vida depois que ele passa por um evento traumático. 

Bruno: Uma outra questão que também pode influenciar nas predisposições individuais é a epigenética, que comentamos no episódio anterior. As alterações causadas por fatores do ambiente na regulação de genes podem afetar a resposta de cada pessoa a traumas de acordo com sua história de vida. E isso começa mesmo antes do nascimento, como nos conta a nossa entrevistada Juliana.

Juliana Carlota: Pensando na questão da epigenética, o que a gente sabe é que muitos pacientes que têm transtorno de estresse pós-traumático apresentam alterações no padrão de expressão de diversos genes. Principalmente genes que regulam a resposta do cérebro ao estresse. Outra coisa que a gente sabe também, a respeito desses mecanismos celulares é que as experiências que são vividas pelos pais… Alterações de dieta, maus tratos, tudo isso pode ser transmitido, de alguma forma, para as gerações futuras.

Carol: Uma vez que a memória está sedimentada no cérebro, independente de se relacionar a um evento positivo ou negativo, isso está ligado a um processo de aprendizagem. Aprendemos o que é bom ou o que é ruim e quando essas memórias são desencadeadas por algum estímulo, temos sensações boas ou ruins que nos ajudam a lidar melhor com a situação.

Vinícius: Aprender a diferença entre uma situação perigosa e uma segura, depende da síntese de proteínas no cérebro. E é sobre esse tema que um artigo recentemente publicado na revista Neuron aborda.

Bruno: O artigo, liderado pelo professor Susumu Tonegawa, do Massachusetts Institute of Technology, o MIT, foi o ponto de partida pra essa pauta. Os pesquisadores identificaram duas populações de neurônios no cérebro de camundongos, sendo uma delas relacionada tanto com a extinção de memórias de um condicionamento de medo, quanto com o sistema de recompensa, que é responsável pela resposta a estímulos prazerosos.

Vinícius: A Juliana, que trabalha com condicionamento de medo, comenta que resultados como o desse artigo são possíveis graças a alguns aparelhos de pesquisa de nova geração, possíveis pelo orçamento e investimento altos no MIT. Dentre essas tecnologias, inacessíveis para grupos de pesquisa em países com menor financiamento público e privado da ciência como o Brasil, está a técnica de optogenética, que, como explica a Juliana permite

Juliana Carlota: ligar e desligar, entre aspas, né…  Então ativar e desativar neurônios.

Bruno: Com a precisão permitida por essa técnica, pesquisadores podem investigar o envolvimento de redes específicas de neurônios, para ver exatamente onde estão as células envolvidas em qualquer processo estudado, e qual o efeito de “desligar” essas células.

Carol: Para o estudo da memória, além dessa ativação e desativação seletivas, os pesquisadores do MIT também conseguiram obter dados precisos sobre a atividade de grupos de neurônios em indivíduos vivos, através de outro aparelho de alta tecnologia, chamado de miniscope. Com esse mini microscópio, é possível olhar para o cérebro do camundongo e…

Juliana Carlota: registrar, em tempo real, esse… Influxo de cálcio, que está ocorrendo nas células ali. Ele está registrando o potencial de ação… a passagem ali da informação de um neurônio pra outro. É muito difícil reproduzir o que ele faz em outros lugares, né? Praticamente impossível. A gente usa técnicas muito mais simples, que são técnicas farmacológicas… Então o que a gente faz é inativar uma região inteira do cérebro com uma droga, geralmente é o mucimol, então eu consigo inativar aquela estrutura… Então eu inativo toda uma parte da amígdala, e eu inativo toda uma parte do córtex pré-límbico. E aí eu vejo como que fica essa conversa entre as regiões, se uma das regiões não está funcionando direitinho, né, como era esperado. Então, é possível também inferir aí essa conexão funcional entre essas estruturas, mesmo sem usar uma técnica tão refinada. Então aqui no Brasil a gente tem que trabalhar com o que a gente tem. É mais trabalhoso, é mais demorado, mas são as ferramentas que a gente tem disponíveis. E, apesar de ser trabalhoso, eu acho muito legal a gente estar conseguindo publicar, né, em 2020… Mesmo com todas essas dificuldades e mesmo demorando muito, não é?

Vinícius: Segundo a Juliana, outra coisa que as técnicas apresentadas no artigo permitiram fazer foi quebrar um paradigma, mostrando que os neurônios que estão envolvidos na formação de uma memória não são os mesmos envolvidos na extinção dessa memória. Em camundongos, pelo menos, as memórias parecem ser “desaprendidas” numa região das chamadas amígdalas basolaterais onde os neurônios …

Juliana Carlota: também estão envolvidos com a formação de uma memória considerada positiva, né? Que, no caso, é uma recompensa aí de beber água. Então a gente poderia falar no termo substituição. A gente estaria sobrepondo ou substituindo uma memória. Um tipo de neurônio adquiriu a informação e agora um outro grupo, que é esse grupo do… da região posterior do basolateral é que está envolvida com a extinção. De certa forma, isso faz sentido se a gente pensar no conceito que eu dei de extinção, que… A extinção, na verdade, é uma nova aprendizagem. E aí, pensando, né, no ser humano, a gente pensar que talvez a gente não consiga apagar totalmente uma memória traumática, mas o que a gente consegue fazer é ressignificar. Então essa memória passaria a ter uma valência emocional menor. Então ela não vai te causar o mesmo sofrimento que ela causava anteriormente. Você ainda se lembra do que aconteceu, mas você não vai sofrer tanto com essa lembrança.

Carol: O artigo traz ainda novos conhecimentos sobre a síntese das proteínas ligadas à aprendizagem e consolidação das memórias traumáticas no cérebro, o que ajuda a entender melhor como tudo funciona e desenvolver tratamentos cada vez mais adequados para ajudar pessoas com TEPT ou outros transtornos ligados ao medo, como comenta William.

William: O que esse artigo ele tem de interessante é que ele adiciona mais um passo no conhecimento sobre a fisiopatologia do medo e de vários transtornos psiquiátricos relacionados ao medo. Não só o TEPT, mas como as fobias específicas, por exemplo, o transtorno do pânico. Quanto mais conhecimento sobre esses mecanismos né, dessa produção de síntese proteica e ativação de outros neurônios nessas regiões bastante específicas do cérebro, a gente consegue desenvolver drogas que consigam atuar com maior especificidade e eficiência nesse mecanismo bastante específico dessa região cerebral.

Carol: Mas e no mundo real da clínica?… Como podemos superar um trauma? Já que as memórias traumáticas são tão bem sedimentadas em nosso cérebro e que revivê-las pode despertar reações tão intensas como no momento que gerou o próprio trauma, como se pode tratar isso? As principais drogas utilizadas no tratamento de transtorno de estresse pós-traumático são os antidepressivos.

William: Embora antidepressivos tenham esse nome, eles não tratam só a depressão, então mesmo que o indivíduo não tenha sintomas depressivos, ele pode ser tratado em vários transtornos mentais com antidepressivo. E os antidepressivos utilizados no tratamento do TEPT, pelo FDA – que é a agência americana de controle de medicações – só tem até agora sertralina e a paroxetina, que são dois antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. 

Bruno: Mas, na realidade, o que mais vai ajudar no tratamento do trauma de fato nem são os remédios.

William: O que se mostra mais eficaz para a prevenção do transtorno de estresse pós-traumático na verdade é o suporte social que é mobilizado, como os amigos, os familiares do indivíduo, e as psicoterapias. A psicoterapia cognitivo comportamental focada no trauma parece ser a intervenção de primeira escolha para o tratamento de transtorno de estresse pós-traumático. Porque ela faz uma dessensibilização da memória traumática, é o que a gente chama de extinção da memória traumática – ela ensina o indivíduo que aquela situação vivida, ela passa a ser segura em outro ambiente. Você não precisa mais ter a generalização do sentimento de perigo.

Vinícius: Ainda sobre psicoterapias, com certeza falar do trauma é sempre muito difícil. Segundo conversamos com a Paula, que conhece casos de pacientes que trazem queixas de depressão e ansiedade, muitas vezes o quadro principal na verdade é o de TEPT. 

Paula: Psicólogos e psiquiatras diante de um novo paciente precisam questionar a sobrevivência de alguma situação traumática. Pode ser através dos questionários ou pode ser através de uma pergunta direta mesmo. A pergunta precisa ser feita de maneira cuidadosa para que o paciente não se sinta invadido e sim acolhido. Caso o paciente responda que sim, que ele teve uma vivência traumática, é preciso ver se ele se sente à vontade ou não para mencionar o que ocorreu em um primeiro momento. Muitas vezes é necessário que se passem várias sessões até que o paciente consiga falar algo a respeito do trauma, e isso precisa ser respeitado.

Bruno: Para contar pra gente um pouco da experiência clínica com pacientes que já passaram por eventos potencialmente traumáticos na vida, entrevistamos a psicóloga Mara Regina Nunes Alves, que por sinal é mãe do Vinícius. Mara é psicóloga formada pela Universidade do Sagrado Coração – a USC – e tem experiência clínica de três décadas, sendo que a maior parte foi na saúde pública, atendendo em uma unidade básica no interior de São Paulo.    

Mara: Infelizmente atendi vários casos de pacientes em transtorno de estresse pós-traumático e eu posso destacar um dos casos que mais me impressionou, usando nomes fictícios, é claro. Então, Luciana foi estuprada pelo seu próprio pai aos 06 anos, precisou ser levada ao Hospital e ao Instituto Médico Legal (IML) pra realizar exame de corpo delito. Só depois de ter tomado essas providências, a mãe Ana a trouxe para Unidade pra fazer tratamento psicoterápico, relatando o ocorrido. Quando eu comecei o tratamento, realizei uma anamnese bem estruturada com a mãe e então iniciei os atendimentos com a criança.

A Luciana estava extremamente assustada a princípio; mostrava-se hostil e pouco comunicativa durante as sessões, mas com o tempo ela foi se soltando e melhorando sutil e progressivamente, através da aplicação de técnicas projetivas, relaxamentos e da própria terapia lúdica – a ludoterapia. É óbvio que a Luciana só se sentiu mais segura quando o caso chegou ao Fórum e foi devidamente esclarecido. Porque o pai agressor que estava foragido foi detido. Ela ficou em tratamento psicoterápico comigo mais uns 08 meses e depois mudou-se para outra cidade, mas já apresentando melhoras nos sintomas ansiosos e na escolaridade. Além disso, o terror noturno e a fobia social que ela tinha desenvolvido no transtorno de estresse pós-traumático. também diminuíram comprovadamente.   

Carol: Mara também comenta que, dentro da diversidade de pacientes que passam por acompanhamento psicoterapêutico de médio ou longo prazo, existem sinais a se procurar, indicativos do progresso de pacientes no processo de superação do trauma. 

Mara: O que percebo depois de tantos anos de profissão, é que traumas mais severos tendem a acompanhar as pessoas ao longo da vida e só são amenizados com o tempo, mas infelizmente nunca esquecidos. A condição de transtorno de estresse pós-traumático pode durar meses ou anos, normalmente, e com gatilhos que trazem de volta memórias do trauma, acompanhadas de intensas reações emocionais e físicas.

Carol: Até agora a gente focou em traumas que envolvem relações interpessoais, mas e aquelas situações que envolvem de uma vez só uma comunidade toda, como o rompimento de barragens, chuvas e enchentes que levam casas embora? Ou mesmo tragédias naturais que afetam cidades inteiras, como terremotos e maremotos?

Vinícius: Considerando que, infelizmente, ainda estamos em plena pandemia de coronavírus e que essa pandemia pode atuar como uma espécie de trauma coletivo, podemos esperar então que muitas pessoas desenvolverão transtorno de estresse pós-traumático? 

Paula: Então nas situações de pandemia, tem o medo do vírus, por exemplo, da doença que é o que a gente está vivendo que é extremamente estressante para toda população. Mas há um inimigo em comum que une todos e que leva um sentimento de solidariedade também. Então tem todos os aspectos negativos, mas tem aspectos positivos como esse de solidariedade que não está envolvido em um outro trauma interpessoal, por exemplo. Caso alguém próximo da pessoa morra, pode ser um evento extremamente traumatizante, ainda mais se for uma coisa súbita como morrer do Covid. 

Bruno: Uma outra visão acerca do impacto psicológico da pandemia da COVID-19, especialmente levando em conta os efeitos do confinamento e do clima geral de ansiedade e incerteza, é a de que todo esse processo pode ter efeitos de longo prazo para a saúde mental mesmo de pessoas que não passarem por esse trauma da perda de alguém próximo.

Juliana Carlota: Então o fato de ficar preso, né? Confinado em casa e mudando aí nossos hábitos… O ser humano é um ser social, que precisa de contato social. Exceção é uma ou outra pessoa que gosta mais de ficar sozinho, que se sente mais à vontade isolado, mas, em geral, a gente precisa de contato social. Então tem vários psicólogos e psiquiatras que estão dando entrevista e estão afirmando que provavelmente esses transtornos mentais vão aumentar ao final dessa pandemia. Então a gente também tem que olhar pra isso e se preocupar. E não sei se tem alguma coisa pra… A gente tenta prevenir, tenta conversar por whatsapp, por reuniões virtuais aí, lives… De alguma forma manter contato com as pessoas no nosso ciclo de amigos pra tentar evitar que alguma coisa pior venha a acontecer com a gente no futuro.

Vinícius: E essa minissérie em dois episódios do Oxigênio fica por aqui. O programa de hoje foi roteirizado por nós três, com colaboração da nossa coordenadora, professora Simone Pallone, e trabalhos técnicos do Octávio Augusto da Rádio Unicamp e do Gustavo Campos.

Carol:  Se você gostou do programa, conta pra gente nas nossas redes sociais, ou em uma resenha no seu agregador de podcasts preferido!

Bruno: Se puder também compartilhar com alguém da família, do trabalho ou do seu círculo de amizades que goste de ciência e games ou esteja passando por um momento difícil, é uma super força para a gente, e pode ser que ajude essa pessoa também.

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Vinícius: Até a próxima!

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