#100 – Quarentena ep. 5 – Despedidas
ago 31, 2020

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Quando o Brasil atinge a infeliz marca dos mais de 119 mil mortos e 3,8 milhões de infectados, não poderíamos deixar de comentar o assunto e prestar nossa solidariedade aos familiares que agora enfrentam o processo de luto. Os convidados da vez são: Lucas Barbosa (psicólogo especializado em luto), a Professora e Doutora em Antropologia Social Letícia Ferreira (UFRJ), a Helena Ansani (mestranda em divulgação científica e parte da equipe do Oxigênio) e a Maria Aparecida Teixeira (psicóloga clínica e hospitalar)*. Trazemos também relatos de quem perdeu pessoas queridas e agora enfrenta o luto neste momento atípico. A sugestão do tema foi da Helena e encerra a nossa série QUARENTENA com o centésimo episódio do Oxigênio.

*A Maria Aparecida Teixeira, em um gesto de solidariedade, está ajudando várias pessoas a conversar sobre suas perdas, inclusive aqueles que não têm condições financeiras de arcar com um serviço do tipo. Para os que podem, a contribuição é bem-vinda. Contato: (19) 99126-7880 (Campinas).

**Uma série idealizada, produzida e ilustrada por Carolina Sotério.

Minuto da Química – São Carlos: Olá, meu nome é Milene do podcast Minuto da Química. E gostaríamos de parabenizar a temporada do Quarentena.
Carolina Pieroni – Campinas: Então eu fui maratonando todos os outros episódios e eu achei muito incrível, muito prático do jeito que a Carol explica dá pra entender super bem coisas que eu não entendo nada.
Laís Ferraz – Campinas: É legal ver que tem uma produção com uma qualidade técnica muito alta, e ainda por cima traz um viés científico. Então tem entrevista com especialistas nas áreas de acordo com cada episódio, esclarece bastante os pontos e traz até alguns que a gente não sabia muito.
Minuto da Química – São Carlos: E também pela criatividade e contextualização nos episódios, falando sobre ciência, política, saúde… Com base nesse contexto que estamos vivendo de pandemia.
Carolina Pieroni – Campinas: Muito bom o Quarentena Podcast. Façam mais!

Carol: A série que você ouve agora surgiu em meio às medidas de distanciamento social, em um cenário sem precedentes da doença Covid-19. No primeiro episódio, tratamos exatamente dos anseios e dificuldades de mudar as atividades presenciais para o remoto. No segundo, trouxemos alternativas para colaborar com as pesquisas em andamento sem sair de casa. Já em nossa terceira produção, comentamos dos cuidados necessários com a população idosa, considerada de risco para a doença. No quarto episódio, nos dedicamos a mostrar um pouquinho do trabalho dos cientistas que estão por trás dos estudos das vacinas e o levantamento de dados. Agora, chegamos ao último episódio, bem quando o Brasil ultrapassa a triste marca dos mais de 115 mil mortos pela Covid-19.

A obra “A hora da estrela” de 1977 marca o último romance de Clarice Lispector, na qual a morte e a despedida são questões presentes. A escritora ucraniana naturalizada brasileira também inclui nessa narrativa o seu próprio adeus, ao falecer em 9 de dezembro do mesmo ano no Rio de Janeiro. Conforme a escritora registra no começo do livro, a história acontece em estado de emergência e de calamidade pública. Novamente, uma calamidade se repete e com ela o assunto volta à tona. As mortes trágicas, as despedidas incompletas e o luto. O Lucas Barbosa, que fala com a gente, é psicólogo, especialista em luto e desenvolve um projeto chamado “Guarda-chuva”, que trata de oferecer suporte sobre esse processo. Para início de conversa: afinal, o que exatamente é o luto?

Lucas: O luto ele pode ser compreendido como uma reação à perda de algo ou alguém. Nos afeta aí em todo o aspecto da nossa vida biopsicossocial. A gente tem alterações biológicas, sono, apetite, o modo ao qual a gente vai reagir às coisas no nosso ambiente, acaba sentindo maior intensidade de alguns sentimentos, da tristeza, raiva, culpa, de como a gente vai compreender nosso mundo na nossa nova realidade que se apresenta e também nos aspectos sociais, onde a gente interage: de como as pessoas vão chegar pra gente, se elas sabem como nos ajudar, como se comportar diante a essa nova questão. E aí o luto é um processo universal e seu viver é particular, muito singular. Todo mundo no planeta vai passar por um processo de luto. A gente tem uma ideia de que a morte é a única fonte ou natureza pra luto, só que se a gente tem diversos tipos de perda, a gente vai vivenciar o processo de luto. É um processo que vem para que a gente possa aprender a lidar com a ausência e aí tem muitas perguntas e dúvidas: será que só eu sinto isso? Será que é só comigo? E a gente sempre vai dizer que a sua experiência de luto, é sua experiência de luto. E é importante que seja experienciado, vivido, sentido.

Carol: E o luto acaba um dia ou é algo que carregamos para sempre?

Lucas: Quem vai me dizer isso é o próprio enlutado, o sujeito que se comporta. Então vamos olhar a história dele? Como foi a história dele de lidar com perdas? Será que ele já vivenciou isso anteriormente? Lógico que nunca igual, mas você ali já uma perda, como foi, quem acolheu, quem estava do lado, e a saudade será experienciada em todo esse processo do luto nesse “para sempre”.

Carol: Essa questão, embora natural no percurso da vida, traz à tona o desconhecido. Como escreve Clarice no livro “Assim como ninguém lhe ensinaria um dia a morrer: na certa morreria um dia como se antes tivesse estudado de cor a representação do papel de estrela.” Da mesma forma, não existe manual de instruções para lidar com o que sentimos ao perder alguém muito querido, fazendo com que as pessoas enfrentem essa situação de diferentes formas. Mas é preciso tomar cuidado, pois o processo de luto pode, inclusive, se agravar. É o conta o Lucas sobre o chamado “luto complicado”.

Lucas: É importante a gente enfatizar, na nossa história, na literatura – e é importante a gente olhar a história pra gente não repetir algumas coisas – que o luto ele já foi considerado patológico. Se receitava medicamentos porque acreditava-se que as pessoas morriam por conta do luto, afinal, a gente sabe que o luto ele afeta o nosso funcionamento do organismo, o apetite, o sono e isso implica que havia adoecimento porque não se alimentavam… Só que a gente tem que saber que o luto não é doença. Então, a partir dos anos 90, a gente começou a ver o denominado hoje “luto complicado”. E aí hoje a gente não tem um consenso sobre esses critérios diagnósticos. É também uma discussão muito maior sobre as vantagens de se obter um diagnóstico sobre luto complicado como forma de garantia de tratamento e para o enlutado saber que o que ele sente tem nome e tem tratamento. A gente também não vai determinar pelo tempo, a gente sabe que, no mínimo, quatro estações desse processo de luto a gente vai passar – outono, inverno, verão, primavera – porque é um ano que podem aparecer sentimentos muito intensos. É o primeiro ano sem a pessoa naquele nosso ambiente, interagindo com a gente. Então, como que eu posso identificar e saber que eu estou no luto complicado? A gente sabe que voltar o que era antes não tem como. A gente já passou por um momento estressante, traumático. E a gente sempre vai olhar o que aconteceu, como você lida com isso, quem é sua rede de apoio… Então a gente vai olhar fatores complicadores para o processo do luto.

Carol: Com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, os rituais de luto precisaram ser re-significados. Despedidas sem abraços e muitas vezes sem nem mesmo ver os rostos dos entes queridos, parecem marcar um vazio nas famílias atingidas pela doença. Lucas, como essa situação tem afetado o emocional humano em um momento que já é considerado de muita sensibilidade?

Lucas: Tudo mudou. Nossas relações mudaram, ou seja, o mundo que a gente conhecia nçao existe mais, e com isso a gente também tem que se adaptar a essa nova realidade que se apresenta. O luto é um processo dinâmico, exige afeto, companheirismo, auxílio, e não ter esses recursos pode gerar maiores estresses pro enlutado. Então, se há possibilidades de ligação, ligue. Mande uma mensagem. Às vezes a gente acha que incomoda. E é importante mostrar que a gente se importa. Dar um novo sentido aos novos rituais não é fácil, então o luto mais do que superar, se adaptar, é se reinventar. E essa reinvenção é constante. Lógico que o velório é o recurso que a gente tem, que a gente sabe que é esse momento necessário para a gente compreender o que está acontecendo nesse choque inicial que a gente tem diante da perda. E ter a ausência desses rituais, afetos, abraços, reuniões familiares, pode ser um fator complicador. Então a gente vai se reinventar de como a gente vai fazer isso. Deixar, um bolo na porta da casa da pessoa, ligar, mandar mensagem. Essa situação, essa ausência vai afetar de forma significativa, no sentido de que as pessoas não estão podendo expressar o seu pesar.

Carol: Mas algumas estratégias podem ser adotadas para amenizar a dor do luto…

Lucas: A melhor estratégia que a gente pode adotar é falar sobre. Parece paradoxal, mas a gente tem que evitar evitar. Quando a gente perde, a gente passa a evitar os ambientes que a gente tinha em relação comum com a pessoa. Então assim, rede de apoio: quem eu gosto de conversar? Quem eu me sinto acolhido? Quem pode me ajudar nesse momento? Você pode estar tudo, mas não está sozinho. Essa ideia que a gente tem de estar só é porque a gente não compartilha. Então a gente tem que compartilhar. Falar é a melhor solução para todas as coisas.

Carol: Às vezes falar da morte é um tabu. De outro lado, algumas culturas enxergam a morte como uma celebração. E há, ainda, culturas nas quais a morte passa em silêncio. Por que então lidamos com essa informação de formas tão diversas? Quais as influências? A Letícia Carvalho de Mesquita Ferreira é doutora em Antropologia Social e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela conversa com a gente sobre essa questão.

Letícia: Talvez um primeiro ponto importante a considerar é que a morte é um evento da vida, da biografia dos sujeitos, que, evidentemente, vai ser experimentada de formas diversas em contextos socioculturais diversos. Maneiras de ritualizar a morte, de ocultar esse tema com tabus de diferentes ordens, são algumas das maneiras possíveis de lidar com esse evento e o que eu tenho de estudo sobre o tema foca muito particularmente na maneira como as ditas sociedades ocidentais modernas lidou historicamente com a morte, em que a morte foi se tornando algo medicalizado, hospitalizado… E a gente produziu o que o Norbert Elias chama de um certo afastamento da morte para os bastidores da vida. E o que acontece, pra ele, é o processo de reprodução da solidão dos moribundos. A gente foi afastando, ao longo do tempo, os moribundos, aqueles que considerávamos à beira da morte ou que estavam vivendo os processos da morte e do morrer. Essa é uma maneira de morrer e de lidar com a morte que evidentemente vai variar a cada contexto segundo religiões, crenças as mais diversas, mas é uma maneira que a gente pode pensar que acaba sendo geral nas sociedades contemporâneas, urbanizadas, é essa maneira solitária, medicalizada que foi dada pra morte e pro morrer. Que gera um certo tipo de solidão e que afasta os corpos daqueles que são moribundos daqueles com quem ele viveu suas vidas. E uma das coisas interessantes que esse modelo de morte carrega é uma certa ideia sobre a vida que a gente tem de que a morte ao final de um processo, depois do envelhecimento… Então que a gente pode esperar uma certa morte como parte do curso natural da vida. Isso faz com que, se a gente espera que a morte acontece para aquele que já envelheceu e já viveu a vida toda, isso faz com que interrupções bruscas da vida – mortes por acidente, por situações absolutamente inesperadas – isso um curso esperado como natural pra vida e pra morte. Isso gera um desestabilização, claro, e sentimentos muito ambivalentes e difíceis de lidar diantes da morte e do morrer.

Carol: Com a pandemia, vários rituais de despedida foram interrompidos, re-significados ou nem mesmo concretizados. Letícia, é possível prever fenômenos que surgirão na nossa cultura a partir dessa realidade de hoje?

Letícia: Então acho difícil fazer qualquer tipo de previsão, mas acho importante marcar que a pandemia é um desses momentos que interrompeu, alterou, deslocou as nossas formas de esperar ou de atribuir algum tipo de previsibilidade pra vida. Tanto que o grupo de risco era dos idosos, isso faria equivaler, então “a morte estaria vindo para quem a gente já esperaria que ela já estivesse próxima”, que são os mais velhos. Ainda assim, com os números alarmantes que a gente vê no Brasil a gente sabe que a morte se apresenta não apenas pros grupos de risco e isso surpreende e coloca em suspensão para qualquer pessoa suas expectativas de continuidade da vida, de previsibilidade, então isso já é um dado importante da pandemia. Outro é o fato da gente ter tido que alterar os rituais de despedida. Eu acho que isso por si só já é uma questão pra gente pensar, o manejo desses corpos tem sido objetivo de interessantes reflexões de cientistas sociais: como isso tem sido gerido pelo Estado, nos hospitais, nos Institutos Médico Legais, e o que isso carrega na questão de desigualdade nas gestão dos corpos vivos e mortos no Brasil. Por um lado é um tema interessante, mas por outro acho que a gente pode pensar que, independente de conseguir prever o que vem daqui em diante em termos do luto e nossas práticas de luto, acho que a gente tem que olhar para o presente e tentar entender o que tem sido como alternativa como saída pra se lidar com esse número absurdo de mortes em termos coletivos mesmo, e com a continuidade da vida. Que relação é essa entre a gente continuar seguindo ao mesmo tempo em que a gente ouve todos os dias um número crescente e impressionante de mortes diárias?

Carol: O narrador da história conta a experiência de Macabéa ao perder sua tia e as implicações do acontecimento na vida da personagem. Na vida real, a Covid-19 já proporcionou a algumas pessoas experiências similares, mas com uma despedida silenciosa, sem abraços, sem reunião… Quem conta esse relato pra nós é a Helena, aqui da equipe do Oxigênio.

Helena: Eu perdi meu avô em julho, na verdade ele faleceu no dia 3 de julho. Ele deu entrada no hospital no dia 2 e o médico já disse que era uma situação muito grave, provavelmente seria muito difícil ele se recuperar. Como meu avô não faleceu por Covid, a gente conseguiu fazer o velório. Nós reunimos toda a família e só os amigos mais íntimos, pra evitar o máximo possível a aglomeração. Nós todos ficamos distantes uns dos outros, com máscaras e sem os abraços, o que foi muito difícil, principalmente vendo a minha avó sofrer porque tinha perdido o marido. Perder alguém que a gente ama é sempre difícil, mas é muito pior em uma situação em que a gente não pode se abraçar. Como ele era muito conhecido na cidade, em outra ocasião com certeza o velório estaria lotado. Cidade pequena todo mundo se conhece, cresce junto, e não foi do jeito que a gente imaginava. A despedida, eu ainda sinto uma sensação estranha de que ela não foi completa. Na verdade faltou um abraço da despedida mesmo, porque, na realidade, desde março que eu não abraçava meus avós tentando preservá-los. A vida sem contato pra mim ela não tem sentido. Parece que é um pesadelo isso que a gente tá vivendo e eu espero que esse pesadelo acabe logo.

Carol: A Maria, que é psicóloga, também vivencia o luto da perda de uma irmã. A causa não foi o coronavírus, mas em função da pandemia, a despedida teve que seguir os mesmos protocolos.

Maria: Quarta-feira de sol a minha irmã traz um vaso de Gerânio como um presente de aniversário. Ela se despediu e a gente combinou da gente comer na garagem aqui de casa, bem distanciado. No sábado ela passou mal, foi para o pronto-socorro e em 2h30min ela foi à óbito. E foi uma experiência muito dolorosa e inusitada. Eu quis arrumar o vestido mais bonito que ela tinha pra vesti-la pra gente se despedir dela e não foi possível. Eu ouvi assim “não adianta, ela vai ser colocada num saco preto e o caixão vai ser lacrado”. E ela não morreu de Covid. Foi um velório restrito, de 1h30min, aquele caixão realmente lacrado. E junto com esse caixão lacrado foram muitos planos, muitas coisas que a gente tinha combinado de fazer. A gente tinha combinado de fazer um tatuagem, eu, ela e outra irmã. “As três Marias”. Eu acho que essa pandemia, esse momento, ele nos rouba a possibilidade de sonhar. Então é importante que a gente tenha um espaço pra poder falar sobre isso. Pra ajudar, eu tenho mais uma pessoa da família que está na UTI, com Covid, e espero que ele se recupere brevemente. O contato com ele, por enquanto, é virtual, por vídeo-chamada. Sou psicóloga, eu trabalho com pessoas que estão procurando ajuda neste momento, com ansiedade, com pânico e com perdas. Eu não imaginei que eu fosse passar por isso também.

Carol: Ao contar a história de Macabéa, a protagonista da trama “A hora da estrela”, Clarice Lispector conta também a história de planos interrompidos repentinamente. Da mesma forma, a pandemia da Covid-19 que se instaurou em um cenário sem precedentes, pôs fim a vários planos e levou muitas famílias a reinventarem suas despedidas.

Por isso, fazer a sua parte na prevenção da doença é também respeitar a dor das pessoas que perderam seus entes queridos, além de zelar por quem está ao seu redor. Para isso, é necessário respeitar o distanciamento social e ficar em casa, na medida em que for possível.

Apesar da distância física, espero que a mensagem chegue até você nessa grande rede digital. Espero que essa série tenha, de alguma forma, trazido algum conforto e muita informação. O episódio de hoje é dedicado a todos que perderam seus familiares e amigos queridos por causa dessa pandemia. Toda nossa solidariedade a vocês.

Estamos juntos, mesmo cada um na sua casa. Nessa nossa despedida, em um abraço virtual.

O meu nome é Carolina Sotério e essa foi a série QUARENTENA.

Músicas:

Dialtone 11 by Sketchbook, Secret Pocketbook by Holyoke e Heater by Migration <https://app.sessions.blue/>

AnaCaptainslogue by Noir Et Blanc Vie <https://studio.youtube.com/channel/UCem-6sz7UIv9os3bfjePjwQ/music?utm_campaign=upgrade&utm_medium=redirect&utm_source=%2Faudiolibrary%2Fmusic>

Dorris Day by DJ Williams <https://studio.youtube.com/channel/UCem-6sz7UIv9os3bfjePjwQ/music?utm_campaign=upgrade&utm_medium=redirect&utm_source=%2Faudiolibrary%2Fmusic>

Quando o Brasil atinge a infeliz marca dos mais de 119 mil mortos e 3,8 milhões de infectados, não poderíamos deixar de comentar o assunto e prestar nossa solidariedade aos familiares que agora enfrentam o processo de luto. Os convidados da vez são: Lucas Barbosa (psicólogo especializado em luto), a Professora e Doutora em Antropologia Social Letícia Ferreira (UFRJ), a Helena Ansani (mestranda em divulgação científica e parte da equipe do Oxigênio) e a Maria Aparecida Teixeira (psicóloga clínica e hospitalar)*. Trazemos também relatos de quem perdeu pessoas queridas e agora enfrenta o luto neste momento atípico. A sugestão do tema foi da Helena e encerra a nossa série QUARENTENA com o centésimo episódio do Oxigênio.

*A Maria Aparecida Teixeira, em um gesto de solidariedade, está ajudando várias pessoas a conversar sobre suas perdas, inclusive aqueles que não têm condições financeiras de arcar com um serviço do tipo. Para os que podem, a contribuição é bem-vinda. Contato: (19) 99126-7880 (Campinas).

**Uma série idealizada, produzida e ilustrada por Carolina Sotério.

Minuto da Química – São Carlos: Olá, meu nome é Milene do podcast Minuto da Química. E gostaríamos de parabenizar a temporada do Quarentena.
Carolina Pieroni – Campinas: Então eu fui maratonando todos os outros episódios e eu achei muito incrível, muito prático do jeito que a Carol explica dá pra entender super bem coisas que eu não entendo nada.
Laís Ferraz – Campinas: É legal ver que tem uma produção com uma qualidade técnica muito alta, e ainda por cima traz um viés científico. Então tem entrevista com especialistas nas áreas de acordo com cada episódio, esclarece bastante os pontos e traz até alguns que a gente não sabia muito.
Minuto da Química – São Carlos: E também pela criatividade e contextualização nos episódios, falando sobre ciência, política, saúde… Com base nesse contexto que estamos vivendo de pandemia.
Carolina Pieroni – Campinas: Muito bom o Quarentena Podcast. Façam mais!

Carol: A série que você ouve agora surgiu em meio às medidas de distanciamento social, em um cenário sem precedentes da doença Covid-19. No primeiro episódio, tratamos exatamente dos anseios e dificuldades de mudar as atividades presenciais para o remoto. No segundo, trouxemos alternativas para colaborar com as pesquisas em andamento sem sair de casa. Já em nossa terceira produção, comentamos dos cuidados necessários com a população idosa, considerada de risco para a doença. No quarto episódio, nos dedicamos a mostrar um pouquinho do trabalho dos cientistas que estão por trás dos estudos das vacinas e o levantamento de dados. Agora, chegamos ao último episódio, bem quando o Brasil ultrapassa a triste marca dos mais de 115 mil mortos pela Covid-19.

A obra “A hora da estrela” de 1977 marca o último romance de Clarice Lispector, na qual a morte e a despedida são questões presentes. A escritora ucraniana naturalizada brasileira também inclui nessa narrativa o seu próprio adeus, ao falecer em 9 de dezembro do mesmo ano no Rio de Janeiro. Conforme a escritora registra no começo do livro, a história acontece em estado de emergência e de calamidade pública. Novamente, uma calamidade se repete e com ela o assunto volta à tona. As mortes trágicas, as despedidas incompletas e o luto. O Lucas Barbosa, que fala com a gente, é psicólogo, especialista em luto e desenvolve um projeto chamado “Guarda-chuva”, que trata de oferecer suporte sobre esse processo. Para início de conversa: afinal, o que exatamente é o luto?

Lucas: O luto ele pode ser compreendido como uma reação à perda de algo ou alguém. Nos afeta aí em todo o aspecto da nossa vida biopsicossocial. A gente tem alterações biológicas, sono, apetite, o modo ao qual a gente vai reagir às coisas no nosso ambiente, acaba sentindo maior intensidade de alguns sentimentos, da tristeza, raiva, culpa, de como a gente vai compreender nosso mundo na nossa nova realidade que se apresenta e também nos aspectos sociais, onde a gente interage: de como as pessoas vão chegar pra gente, se elas sabem como nos ajudar, como se comportar diante a essa nova questão. E aí o luto é um processo universal e seu viver é particular, muito singular. Todo mundo no planeta vai passar por um processo de luto. A gente tem uma ideia de que a morte é a única fonte ou natureza pra luto, só que se a gente tem diversos tipos de perda, a gente vai vivenciar o processo de luto. É um processo que vem para que a gente possa aprender a lidar com a ausência e aí tem muitas perguntas e dúvidas: será que só eu sinto isso? Será que é só comigo? E a gente sempre vai dizer que a sua experiência de luto, é sua experiência de luto. E é importante que seja experienciado, vivido, sentido.

Carol: E o luto acaba um dia ou é algo que carregamos para sempre?

Lucas: Quem vai me dizer isso é o próprio enlutado, o sujeito que se comporta. Então vamos olhar a história dele? Como foi a história dele de lidar com perdas? Será que ele já vivenciou isso anteriormente? Lógico que nunca igual, mas você ali já uma perda, como foi, quem acolheu, quem estava do lado, e a saudade será experienciada em todo esse processo do luto nesse “para sempre”.

Carol: Essa questão, embora natural no percurso da vida, traz à tona o desconhecido. Como escreve Clarice no livro “Assim como ninguém lhe ensinaria um dia a morrer: na certa morreria um dia como se antes tivesse estudado de cor a representação do papel de estrela.” Da mesma forma, não existe manual de instruções para lidar com o que sentimos ao perder alguém muito querido, fazendo com que as pessoas enfrentem essa situação de diferentes formas. Mas é preciso tomar cuidado, pois o processo de luto pode, inclusive, se agravar. É o conta o Lucas sobre o chamado “luto complicado”.

Lucas: É importante a gente enfatizar, na nossa história, na literatura – e é importante a gente olhar a história pra gente não repetir algumas coisas – que o luto ele já foi considerado patológico. Se receitava medicamentos porque acreditava-se que as pessoas morriam por conta do luto, afinal, a gente sabe que o luto ele afeta o nosso funcionamento do organismo, o apetite, o sono e isso implica que havia adoecimento porque não se alimentavam… Só que a gente tem que saber que o luto não é doença. Então, a partir dos anos 90, a gente começou a ver o denominado hoje “luto complicado”. E aí hoje a gente não tem um consenso sobre esses critérios diagnósticos. É também uma discussão muito maior sobre as vantagens de se obter um diagnóstico sobre luto complicado como forma de garantia de tratamento e para o enlutado saber que o que ele sente tem nome e tem tratamento. A gente também não vai determinar pelo tempo, a gente sabe que, no mínimo, quatro estações desse processo de luto a gente vai passar – outono, inverno, verão, primavera – porque é um ano que podem aparecer sentimentos muito intensos. É o primeiro ano sem a pessoa naquele nosso ambiente, interagindo com a gente. Então, como que eu posso identificar e saber que eu estou no luto complicado? A gente sabe que voltar o que era antes não tem como. A gente já passou por um momento estressante, traumático. E a gente sempre vai olhar o que aconteceu, como você lida com isso, quem é sua rede de apoio… Então a gente vai olhar fatores complicadores para o processo do luto.

Carol: Com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, os rituais de luto precisaram ser re-significados. Despedidas sem abraços e muitas vezes sem nem mesmo ver os rostos dos entes queridos, parecem marcar um vazio nas famílias atingidas pela doença. Lucas, como essa situação tem afetado o emocional humano em um momento que já é considerado de muita sensibilidade?

Lucas: Tudo mudou. Nossas relações mudaram, ou seja, o mundo que a gente conhecia nçao existe mais, e com isso a gente também tem que se adaptar a essa nova realidade que se apresenta. O luto é um processo dinâmico, exige afeto, companheirismo, auxílio, e não ter esses recursos pode gerar maiores estresses pro enlutado. Então, se há possibilidades de ligação, ligue. Mande uma mensagem. Às vezes a gente acha que incomoda. E é importante mostrar que a gente se importa. Dar um novo sentido aos novos rituais não é fácil, então o luto mais do que superar, se adaptar, é se reinventar. E essa reinvenção é constante. Lógico que o velório é o recurso que a gente tem, que a gente sabe que é esse momento necessário para a gente compreender o que está acontecendo nesse choque inicial que a gente tem diante da perda. E ter a ausência desses rituais, afetos, abraços, reuniões familiares, pode ser um fator complicador. Então a gente vai se reinventar de como a gente vai fazer isso. Deixar, um bolo na porta da casa da pessoa, ligar, mandar mensagem. Essa situação, essa ausência vai afetar de forma significativa, no sentido de que as pessoas não estão podendo expressar o seu pesar.

Carol: Mas algumas estratégias podem ser adotadas para amenizar a dor do luto…

Lucas: A melhor estratégia que a gente pode adotar é falar sobre. Parece paradoxal, mas a gente tem que evitar evitar. Quando a gente perde, a gente passa a evitar os ambientes que a gente tinha em relação comum com a pessoa. Então assim, rede de apoio: quem eu gosto de conversar? Quem eu me sinto acolhido? Quem pode me ajudar nesse momento? Você pode estar tudo, mas não está sozinho. Essa ideia que a gente tem de estar só é porque a gente não compartilha. Então a gente tem que compartilhar. Falar é a melhor solução para todas as coisas.

Carol: Às vezes falar da morte é um tabu. De outro lado, algumas culturas enxergam a morte como uma celebração. E há, ainda, culturas nas quais a morte passa em silêncio. Por que então lidamos com essa informação de formas tão diversas? Quais as influências? A Letícia Carvalho de Mesquita Ferreira é doutora em Antropologia Social e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela conversa com a gente sobre essa questão.

Letícia: Talvez um primeiro ponto importante a considerar é que a morte é um evento da vida, da biografia dos sujeitos, que, evidentemente, vai ser experimentada de formas diversas em contextos socioculturais diversos. Maneiras de ritualizar a morte, de ocultar esse tema com tabus de diferentes ordens, são algumas das maneiras possíveis de lidar com esse evento e o que eu tenho de estudo sobre o tema foca muito particularmente na maneira como as ditas sociedades ocidentais modernas lidou historicamente com a morte, em que a morte foi se tornando algo medicalizado, hospitalizado… E a gente produziu o que o Norbert Elias chama de um certo afastamento da morte para os bastidores da vida. E o que acontece, pra ele, é o processo de reprodução da solidão dos moribundos. A gente foi afastando, ao longo do tempo, os moribundos, aqueles que considerávamos à beira da morte ou que estavam vivendo os processos da morte e do morrer. Essa é uma maneira de morrer e de lidar com a morte que evidentemente vai variar a cada contexto segundo religiões, crenças as mais diversas, mas é uma maneira que a gente pode pensar que acaba sendo geral nas sociedades contemporâneas, urbanizadas, é essa maneira solitária, medicalizada que foi dada pra morte e pro morrer. Que gera um certo tipo de solidão e que afasta os corpos daqueles que são moribundos daqueles com quem ele viveu suas vidas. E uma das coisas interessantes que esse modelo de morte carrega é uma certa ideia sobre a vida que a gente tem de que a morte ao final de um processo, depois do envelhecimento… Então que a gente pode esperar uma certa morte como parte do curso natural da vida. Isso faz com que, se a gente espera que a morte acontece para aquele que já envelheceu e já viveu a vida toda, isso faz com que interrupções bruscas da vida – mortes por acidente, por situações absolutamente inesperadas – isso um curso esperado como natural pra vida e pra morte. Isso gera um desestabilização, claro, e sentimentos muito ambivalentes e difíceis de lidar diantes da morte e do morrer.

Carol: Com a pandemia, vários rituais de despedida foram interrompidos, re-significados ou nem mesmo concretizados. Letícia, é possível prever fenômenos que surgirão na nossa cultura a partir dessa realidade de hoje?

Letícia: Então acho difícil fazer qualquer tipo de previsão, mas acho importante marcar que a pandemia é um desses momentos que interrompeu, alterou, deslocou as nossas formas de esperar ou de atribuir algum tipo de previsibilidade pra vida. Tanto que o grupo de risco era dos idosos, isso faria equivaler, então “a morte estaria vindo para quem a gente já esperaria que ela já estivesse próxima”, que são os mais velhos. Ainda assim, com os números alarmantes que a gente vê no Brasil a gente sabe que a morte se apresenta não apenas pros grupos de risco e isso surpreende e coloca em suspensão para qualquer pessoa suas expectativas de continuidade da vida, de previsibilidade, então isso já é um dado importante da pandemia. Outro é o fato da gente ter tido que alterar os rituais de despedida. Eu acho que isso por si só já é uma questão pra gente pensar, o manejo desses corpos tem sido objetivo de interessantes reflexões de cientistas sociais: como isso tem sido gerido pelo Estado, nos hospitais, nos Institutos Médico Legais, e o que isso carrega na questão de desigualdade nas gestão dos corpos vivos e mortos no Brasil. Por um lado é um tema interessante, mas por outro acho que a gente pode pensar que, independente de conseguir prever o que vem daqui em diante em termos do luto e nossas práticas de luto, acho que a gente tem que olhar para o presente e tentar entender o que tem sido como alternativa como saída pra se lidar com esse número absurdo de mortes em termos coletivos mesmo, e com a continuidade da vida. Que relação é essa entre a gente continuar seguindo ao mesmo tempo em que a gente ouve todos os dias um número crescente e impressionante de mortes diárias?

Carol: O narrador da história conta a experiência de Macabéa ao perder sua tia e as implicações do acontecimento na vida da personagem. Na vida real, a Covid-19 já proporcionou a algumas pessoas experiências similares, mas com uma despedida silenciosa, sem abraços, sem reunião… Quem conta esse relato pra nós é a Helena, aqui da equipe do Oxigênio.

Helena: Eu perdi meu avô em julho, na verdade ele faleceu no dia 3 de julho. Ele deu entrada no hospital no dia 2 e o médico já disse que era uma situação muito grave, provavelmente seria muito difícil ele se recuperar. Como meu avô não faleceu por Covid, a gente conseguiu fazer o velório. Nós reunimos toda a família e só os amigos mais íntimos, pra evitar o máximo possível a aglomeração. Nós todos ficamos distantes uns dos outros, com máscaras e sem os abraços, o que foi muito difícil, principalmente vendo a minha avó sofrer porque tinha perdido o marido. Perder alguém que a gente ama é sempre difícil, mas é muito pior em uma situação em que a gente não pode se abraçar. Como ele era muito conhecido na cidade, em outra ocasião com certeza o velório estaria lotado. Cidade pequena todo mundo se conhece, cresce junto, e não foi do jeito que a gente imaginava. A despedida, eu ainda sinto uma sensação estranha de que ela não foi completa. Na verdade faltou um abraço da despedida mesmo, porque, na realidade, desde março que eu não abraçava meus avós tentando preservá-los. A vida sem contato pra mim ela não tem sentido. Parece que é um pesadelo isso que a gente tá vivendo e eu espero que esse pesadelo acabe logo.

Carol: A Maria, que é psicóloga, também vivencia o luto da perda de uma irmã. A causa não foi o coronavírus, mas em função da pandemia, a despedida teve que seguir os mesmos protocolos.

Maria: Quarta-feira de sol a minha irmã traz um vaso de Gerânio como um presente de aniversário. Ela se despediu e a gente combinou da gente comer na garagem aqui de casa, bem distanciado. No sábado ela passou mal, foi para o pronto-socorro e em 2h30min ela foi à óbito. E foi uma experiência muito dolorosa e inusitada. Eu quis arrumar o vestido mais bonito que ela tinha pra vesti-la pra gente se despedir dela e não foi possível. Eu ouvi assim “não adianta, ela vai ser colocada num saco preto e o caixão vai ser lacrado”. E ela não morreu de Covid. Foi um velório restrito, de 1h30min, aquele caixão realmente lacrado. E junto com esse caixão lacrado foram muitos planos, muitas coisas que a gente tinha combinado de fazer. A gente tinha combinado de fazer um tatuagem, eu, ela e outra irmã. “As três Marias”. Eu acho que essa pandemia, esse momento, ele nos rouba a possibilidade de sonhar. Então é importante que a gente tenha um espaço pra poder falar sobre isso. Pra ajudar, eu tenho mais uma pessoa da família que está na UTI, com Covid, e espero que ele se recupere brevemente. O contato com ele, por enquanto, é virtual, por vídeo-chamada. Sou psicóloga, eu trabalho com pessoas que estão procurando ajuda neste momento, com ansiedade, com pânico e com perdas. Eu não imaginei que eu fosse passar por isso também.

Carol: Ao contar a história de Macabéa, a protagonista da trama “A hora da estrela”, Clarice Lispector conta também a história de planos interrompidos repentinamente. Da mesma forma, a pandemia da Covid-19 que se instaurou em um cenário sem precedentes, pôs fim a vários planos e levou muitas famílias a reinventarem suas despedidas.

Por isso, fazer a sua parte na prevenção da doença é também respeitar a dor das pessoas que perderam seus entes queridos, além de zelar por quem está ao seu redor. Para isso, é necessário respeitar o distanciamento social e ficar em casa, na medida em que for possível.

Apesar da distância física, espero que a mensagem chegue até você nessa grande rede digital. Espero que essa série tenha, de alguma forma, trazido algum conforto e muita informação. O episódio de hoje é dedicado a todos que perderam seus familiares e amigos queridos por causa dessa pandemia. Toda nossa solidariedade a vocês.

Estamos juntos, mesmo cada um na sua casa. Nessa nossa despedida, em um abraço virtual.

O meu nome é Carolina Sotério e essa foi a série QUARENTENA.

Músicas:

Dialtone 11 by Sketchbook, Secret Pocketbook by Holyoke e Heater by Migration <https://app.sessions.blue/>

AnaCaptainslogue by Noir Et Blanc Vie <https://studio.youtube.com/channel/UCem-6sz7UIv9os3bfjePjwQ/music?utm_campaign=upgrade&utm_medium=redirect&utm_source=%2Faudiolibrary%2Fmusic>

Dorris Day by DJ Williams <https://studio.youtube.com/channel/UCem-6sz7UIv9os3bfjePjwQ/music?utm_campaign=upgrade&utm_medium=redirect&utm_source=%2Faudiolibrary%2Fmusic>

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